Brasília – O Ministério das Relações Exteriores deverá
substituir os embaixadores Glivânia Maria de Oliveira e Clemente de Lima Baena
Soares, chefe do Departamento de América do Sul, que faziam parte da comissão
de sindicância encarregada de apurar a retirada do senador boliviano de
oposição Roger Pinto Molina da Embaixada do Brasil em La Paz. Ambos se disseram
impedidos de desempenhar as funções.
No caso de Baena Soares, a decisão foi tomada porque ele
integrou o grupo de trabalho encarregado de negociar a saída do parlamentar
boliviano. Ele alegou "ter interesse direto ou indireto" no tema.
Soares fazia parte da comissão Brasil-Bolívia criada para discutir o caso do
senador.
Os novos embaixadores que integrarão a comissão devem ser
designados pela corregedora do Serviço no Exterior. A expectativa é que a
definição ocorra após a posse hoje (28) do novo chanceler Luiz Alberto
Figueiredo Machado, em substituição a Antonio Patriota.
A comissão de sindicância se reuniu ontem (27), no
Itamaraty, pela primeira vez. O grupo é presidido pelo assessor especial da
Controladoria-Geral da União e auditor-fiscal da Receita Federal Dionísio
Carvalhedo Barbosa. A embaixadora Glivânia Maria de Oliveira é considerada uma
diplomata minuciosa e precisa.
O objetivo da comissão é analisar a decisão do diplomata
Eduardo Saboia, encarregado de negócios na Bolívia (o equivalente a embaixador
interino), que assumiu ter conduzido todo o processo para retirar Pinto Molina
da embaixada brasileira, onde estava há 15 meses. Ao justificar sua decisão,
Saboia criticou a falta de ação do grupo de trabalho, do qual fazia parte o
embaixador Baena Soares, que pediu para ser retirado da comissão.
A decisão de instaurar uma comissão de sindicância para
apurar responsabilidades sobre a retirada do senador boliviano foi anunciada
anteontem (26) pelo Itamaraty. O alvo do
inquérito é Saboia. A amigos, Saboia disse que não se manifestará mais
publicamente sobre o assunto até que a comissão conclua a sindicância. Porém,
antes, ele explicou ter tomado a iniciativa porque o quadro se agravava com o
fato de o senador boliviano estar deprimido e indicar que pretendia se
suicidar. O diplomata acrescentou que tomou a decisão por razões humanitárias.
Saboia pode ser alvo de uma série de punições que podem ir
de simples advertência oral, passando por uma escrita, pela suspensão
temporária até a exoneração. Com mais de 20 anos de carreira, o diplomata é
elogiado por superiores e colegas como um profissional sério, dedicado e
disciplinado. Nos últimos meses, ele se queixava da tensão causada pela
indefinição sobre Molina.
Fonte: Agência Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo comentário.