Paiva Netto
Brasília
completa 52 anos. Mas a ideia de transferir a sede do poder vem desde o célebre
marquês de Pombal, primeiro-ministro do rei português Dom José I, que, no
século 18, pretendeu fundar, no interior do Brasil colônia, a “Nova Lisboa”.
Dom Bosco, o
famoso Taumaturgo de Turim, em 30 de agosto de 1883, sonhou que “entre os
paralelos de 15º e 20º havia uma depressão bastante larga e comprida, partindo de
um ponto onde se formava um lago. Então, repetidamente, uma voz assim falou:
‘... quando vierem escavar as minas ocultas, no meio destas montanhas, surgirá
aqui a terra prometida, vertendo leite e mel. Será uma riqueza
inconcebível...’”
Sessenta
anos antes, José Bonifácio, patriarca da Independência, apresentara um projeto
para a mudança da capital do Brasil para o centro do país, sugerindo-lhe o nome
“Brasília”.
Em 1892, sob
a liderança do astrônomo belga Louis Cruls, é designada a Comissão Exploradora do
Planalto Central do Brasil. A Missão Cruls tinha a incumbência de analisar a
topografia, o clima e a geologia, além de fazer o levantamento da flora, da
fauna e dos recursos naturais. Em 1894, é apresentada ao governo a demarcação
de uma superfície de 14.400 km2 (o Quadrilátero Cruls), considerada ideal.
Em 1922, o
Brasil comemorava o primeiro centenário da Independência. Nesse ano, por
proposição do parlamentar Antônio Americano do Brasil, o então presidente da
República, Epitácio Pessoa, baixa, em 18 de janeiro, o decreto nº 4.494. Nele,
fica estabelecido o assentamento da pedra fundamental da futura sede do
governo. Fato que se daria em 7 de setembro, na Serra da Independência, no
Morro do Centenário, localizado a nove quilômetros de Planaltina.
Passam-se
três décadas e, em 1953, no mandato de Getúlio Vargas, o Congresso Nacional
autoriza o estudo definitivo para a indicação do lugar. Sob a chefia do general
Caiado de Castro, é instituída a Comissão de Localização da Nova Capital
Federal.
Em 4 de
abril de 1955, o candidato à Presidência da República Juscelino Kubitschek, ao
responder, em Jataí/GO, a um questionamento do estudante Antônio Soares Neto, o
Toniquinho, sobre a interiorização da capital brasileira, assumiu o compromisso
de, se eleito, cumprir a Constituição e transferi-la para o Planalto Central. E
assim, estabeleceu, em seu Plano de Metas, a construção de Brasília como
“meta-síntese”.
O que era
apenas promessa começou a tomar forma quando o Congresso Nacional aprovou, em
19 de setembro de 1956, a Lei n° 2.874, sancionada por Juscelino. Nela,
confirma-se a transferência da capital da República e a criação da Companhia
Urbanizadora da Nova Capital — Novacap, responsável pela implantação do
plano-piloto a partir de anteprojeto do arquiteto e urbanista Lucio Costa,
vencedor de um concurso nacional. É do centenário arquiteto Oscar Niemeyer a
proposta dos principais prédios públicos de Brasília.
Em fevereiro
de 1957, as obras já estavam a todo vapor. Mais de 30 mil operários, os
candangos, chegavam de todas as partes do país, principalmente do Nordeste,
dando ritmo ininterrupto ao trabalho.
Outro
idealista foi o destemido dr. Bernardo Sayão que, em 15 de janeiro de 1959,
faleceu num trágico acidente, quando uma árvore caiu sobre ele nas obras da
estrada Belém-Brasília que hoje leva o seu nome.
Em tempo
recorde, Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960. A data faz referência
à Inconfidência Mineira. Nesta oportunidade, saudamos a tantos que participaram
dessa epopeia e aos habitantes da capital federal.
LAÇOS DE
AMIZADE
Amo
Brasília. Aqui inaugurei o Templo da Boa Vontade, em 1989. Em 1° de março de
1994, fiz colocar, no TBV, quadro com a foto de JK. A solenidade ocorreu na
Biblioteca Alziro Zarur e contou com a presença da saudosa Dona Sarah
Kubitschek, que, em outra ocasião, foi também homenageada com seu retrato no
mesmo local.
Parabéns,
Brasília.
José de
Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br
— www.boavontade.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo comentário.