Paiva Netto
Aracy de Almeida (1914-1988), a saudosa Araca, no dizer do
radialista César Ladeira (1910-1969), era “o samba em pessoa”. O querido Chico
Anysio é e será o talento personificado. Ainda que as dificuldades do mundo
sejam grandes, se não formos bem-humorados, com o prazer do Bem, não
perceberemos o Amor de Deus por nós. Olha o sol aí, que beleza! As nuvens
protetoras que vagueiam pelo céu, a Natureza, enfim, que nos acolhe.
Agradeçamos ao Pai Celestial tamanha generosidade para conosco.
Com essas singelas palavras abro minha homenagem a um dos
maiores mestres do humor, que tanta alegria trouxe ao povo brasileiro. Na
sexta-feira, 23/3, ele partiu para a Pátria Espiritual, depois de 80 anos
intensamente vividos na Terra.
TESTEMUNHA DA NOSSA HISTÓRIA
Ser humano de notável aptidão, Chico Anysio narrou ao
“Brasil Democrático”, da Reeducar — Rede Educação e Futuro de Televisão,
impressionante testemunho sobre os primórdios da LBV, que, por sinal, teve
início em um mês de março, no dia 4, no ano de 1949, com o programa “Hora da
Boa Vontade”. Declarou o nosso amigo:
“Faço parte também do seletíssimo grupo de pessoas para quem
Alziro Zarur (1914-1979), pela primeira vez, falou na Legião da Boa Vontade. Eu
era radioator da Mayrink Veiga, já tinha saído da Guanabara. O nosso diretor no
radioteatro era Zarur. Naquele dia, tínhamos ensaio de um capítulo de novela,
devia ser umas seis e meia quando ele chegou, dizendo que havia recebido uma
mensagem divina. Estava emocionadíssimo. Tinha recebido um aviso, uma missão
que lhe fora dada. E ninguém brincou, ninguém zombou. Todo mundo percebeu que
havia uma verdade grande nele, porque era uma pessoa muito séria; era muito
duro, muito firme. Ele não pôde realizar o ensaio. Urbano Lóis assumiu o lugar
no dia. (...) Havia um fogo queimando dentro do Zarur. Uma luz brilhava dentro
dele, alguma coisa. (...) Dali em diante, ele se transformou. Então, fui o
primeiro a saber disso. Ele abandonou tudo. Não foi mais diretor do
radioteatro. Fez um programa, chamado ‘Hora da Boa Vontade’, às cinco da tarde.
(...) Criou a Legião da Boa Vontade. Era a Sopa do Zarur, a Sopa dos Pobres. Os
mendigos do Rio não passaram mais fome, porque a sopa que distribuía matava a
fome de todos. Faço doações para a LBV; várias vezes já as fiz. Na minha
exposição, no Templo da Boa Vontade, em Brasília/DF, farei outra e continuarei
ajudando, porque a LBV é da maior seriedade. Eu estou abençoado com a minha
pintura aqui [no Templo da LBV]. Deus está aqui comigo! É uma coisa muito
divina, demais! (...).”
CHICO ANYSIO ABRILHANTOU A LBV COM A SUA ARTE
Na exposição “Volta ao mundo sem sair de casa”, que
realizou, de 16 a 30 de setembro de 2003, na Galeria de Arte do Templo da Boa
Vontade, tive, com minha mulher, Lucimara Augusta, o grato ensejo de estar com
ele e sua simpática esposa, Malga Di Paula. Foi um dia realmente especial para
todos nós, pois Chico abrilhantou a LBV com a sua arte.
Onde ele estiver, agora nos Céus do Brasil, pois os mortos
continuam de pé, que receba as vibrações de Paz da LBV. Aos seus familiares,
nossos amigos, a solidariedade dos corações legionários.
José de
Paiva Netto — Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br
— www.boavontade.com
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