A Subcomissão Permanente de Segurança Pública, braço da
Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal, realizou nesta
quinta-feira, 8, audiência pública para debater os problemas da segurança pública
e as leis penais no Brasil.
A audiência contou com a participação de secretários
estaduais de segurança pública e de representantes da comissão de juristas
encarregada de elaborar o anteprojeto de um novo Código Penal.
Ciente de que a segurança é uma prioridade para a população
brasileira, o senador Armando Monteiro, que é membro da subcomissão, abriu o
debate expondo a necessidade de combater os crimes praticados por milícias.
Em sua opinião, as milícias são inimigos poderosos demais
para as polícias estaduais. Hoje já há indícios de que a atuação desses grupos
tem se alastrado nacionalmente.
Por essa razão, na avaliação do senador, é necessário
tipificar o crime praticado por milícias, criando um ambiente adequado para
federalizá-lo. Ou seja, construir argumentos jurídicos válidos para enquadrar a
atuação desses grupos como crime organizado.
“A federalização do delito com o reforço da capacidade
operacional da Polícia Federal não poderia ser uma alternativa de combate às
milícias?”, indagou.
Nos Estados Unidos, vários crimes foram federalizados.
Sequestros e crimes cometidos por organizações que atuam em vários estados são
exemplos dessa estratégia. Estudos apontam que a federalização desses crimes
permitiu uma redução significativa.
O ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça
(STJ) e presidente da Comissão de Juristas, ainda enxerga o crime de milícia no
âmbito estadual. Porém, não descarta a importância de avaliar essa questão, que
ele intitulou como “complexa”. “As milícias ainda estão delimitadas no âmbito
estadual. O estado do Rio de Janeiro evidencia minha avaliação. É um problema
ainda local. No entanto, não se pode descartar a interligação das milícias com
outros crimes que extrapolam fronteiras”, destacou o ministro.
Corroborando com Armando Monteiro, o ministro do STJ,
reforça que o primeiro passo desta complexa questão é criar o tipo penal para
enquadramento das milícias. Esse delito é praticado por policial ou outro
agente público (mesmo que afastado da função). A ideia central é agravar a pena
para esses casos. “O senador Armando Monteiro apresentou uma visão bastante
adiantada sobre as milícias, da qual ainda não estamos trabalhando, o que nos
coloca na situação de que devemos avançar no tema”, comentou Dipp.
A criminalização do porte de armas também foi objeto de
questionamento do senador. O Estatuto do desarmamento (Lei nº 10.826) está em
processo de mudança decorrente de propostas de concessão do direito de posse
por categorias específicas como, por exemplo, oficiais de justiça, guardas
penitenciários e outras.
Absolutamente
contrários à liberação de concessão de armas a outras categorias, o secretário
de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, e o presidente
do Colegiado Nacional de Secretários de Segurança Pública, Wantuir Francisco,
são favoráveis a uma maior restrição. “Sou contra qualquer tipo de pessoa andar
armada que não seja polícia. Sou contra, inclusive, a concessão de armas aos
policiais municipais”, afirmou Beltrame. “Quem deve andar armado são os
policiais da guarda externa dos presídios. Os agentes penitenciários, em minha
opinião, não devem trabalhar armados. Essa é uma forma de evitar rebeliões e
possível acesso dos presidiários com o armamento”, comentou Wantuir Francisco.
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