Em entrevista à Folha, a presidente falou ainda de sua fama
de durona e rebateu críticas
O coro “volta Lula” que ganhou fôlego após a queda de
popularidade da presidente Dilma Rousseff parece não preocupar a petista. Em
entrevista exclusiva ao jornal Folha de S.Paulo, publicada neste domingo (28),
Dilma afirmou que o ex-presidente “não vai voltar porque ele não foi” e
destacou a proximidade que tem com seu antecessor: “eu e o Lula somos
indissociáveis”.
As afirmações foram feitas quando a jornalista Mônica
Bergamo questionava a presidente sobre os protestos que se espalharam pelas
ruas do País a partir de junho deste ano. Ela disse que não comentaria sua
queda nas pesquisas porque “tudo o que sobe desce, e tudo o que desce sobe”,
mas garantiu que não se incomoda com o “volta Lula”.
— Querida, olha, vou te falar uma coisa: eu e o Lula somos
indissociáveis. Então esse tipo de coisa, entre nós, não gruda, não cola.
Agora, falar volta Lula e tal... Eu acho que o Lula não vai voltar porque ele
não foi. Ele não saiu. Ele disse outro dia: "Vou morrer fazendo política.
Podem fazer o que quiser. Vou estar velhinho e fazendo política".
Sobre os protestos, a presidente afirmou não ter ficado
assustada e voltou a associá-los com os ganhos sociais promovidos pelas gestões
petistas.
— Quando a gente, nesses dez anos [de governo do PT], cria
condições para milhões de brasileiros ascenderem, eles vão exigir mais. Tivemos
uma inclusão quantitativa. Esta aceleração não se deu na qualidade dos serviços
públicos. Agora temos de responder também aceleradamente a essas questões.
Mais médicos
Uma das respostas do governo aos protestos foi o programa
Mais Médicos, que foi mal recebido pelos profissionais da Saúde. As principais
entidades de representação dos médicos afirmaram que o problema do País é a
estrutura precária de atendimento e que o programa é apenas eleitoreiro. A
presidente negou o argumento.
— Acontece que botamos dinheiro em estrutura. Jornais e TVs
mostram que há equipamentos sem uso. Como você explica que 700 municípios não
têm nenhum médico? E que 1.900 têm menos de um médico por 3.000 habitantes? Uma
coisa é certa: eu, com médico, me viro. Sem médico, eu não me viro.
Ministérios
Dilma também falou sobre seu perfil como administradora. Ela
negou que seja uma pessoa autoritária, mas assumiu a fama de durona: “O que
exijo de mim, exijo de todo mundo”; e brincou com a história de que já teria
feito ministros chorarem.
—Ah, que ministros choram o quê! Aquela história do
[ex-presidente da Petrobras José Sergio]
Gabrielli? Um dia escreveram que ele era pretensioso e autoritário. No dia
seguinte, que eu tinha brigado e que ele chorou no banheiro. A gente ligava pra
ele: "Eu queria falar com o autoritário chorão". Ô, querida, você
conhece o Gabrielli? Ah, pelo amor de Deus.
A presidente garantiu saber o nome de todos os seus 39
ministros e voltou a dizer que não cogita enxugar o número de pastas, medida
defendida pelo PMDB. Ela disse também que não falaria em reforma ministerial e
reafirmou que o ministro da Fazenda, Guido Mantega — que foi alvo de boatos
sobre a perda do cargo — vai continuar onde está.
Em todos os momentos que foi questionada sobre a piora dos
indicadores econômicos, Dilma negou ter tomado medidas erradas e ter sido
omissa. Disse que a inflação está sobre controle e que gerou muito mais
empregos do que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Sobre o baixo
crescimento da economia, atribuiu à conjuntura internacional.
— O mundo cresce pouco. Nós não somos uma ilha. Você não
está com aquele vento a favor que estava, não. Nós estamos crescendo com
vendaval na nossa cara.
Fonte: R7
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo comentário.