MOSCOU - O ex-técnico da CIA Edward Snowden garantiu nesta
sexta-feira (12) que os países da América Latina que lhe ofereceram asilo
político - Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua - "ganharam o respeito
do mundo" e ressaltou seu desejo de visitá-los assim que for possível. O
jovem americano expressou seu agradecimento a essas nações em um discurso
diante dos representantes de organizações de direitos humanos internacionais
com que se reuniu.
Segundo o Wikileaks, que publicou seu discurso, Snowden
disse em relação à Venezuela, que com "a concessão de asilo por parte do
presidente Nicolás Maduro, agora meu estatuto de asilado é formal, e nenhum
Estado tem o direito de limitar ou interferir meu direito a esse asilo".
O jovem disse a que há um mês "tinha uma família, uma
casa no paraíso e vivia com grande conforto", antes de revelar os esquemas
de espionagem dos serviços secretos dos EUA. O foragido justificou sua atitude
porque - disse - esses atos de espionagem violam a lei e a Constituição dos EUA
e considerou que "o imoral não pode fazer a moral mediante o uso de leis
secretas". Assegurou que fez "o que achava justo, não para
enriquecer" ou "vender os segredos dos EUA" e que não se aliou a
"nenhum governo estrangeiro" para garantir sua segurança.
Após reconhecer que a decisão de revelar o esquema de
espionagem teve um preço muito alto, manifestou que "era o que tinha que
ser feito" e que não se arrepende. Snowden denunciou a perseguição da qual
é vítima e o fato de que os EUA fazem "ameaças de sanções aos países"
que defendem o seu direito de asilo.
Acrescentou que os EUA "deram um passo sem precedentes
ao ordenarem que seus aliados militares forçassem a aterrissagem do avião de um
presidente latino-americano para buscar um refugiado político", em
referência ao boliviano Evo Morales. "Esta escalada perigosa representa
uma ameaça não só para a dignidade da América Latina, mas para os direitos
básicos compartilhados por cada pessoa, cada nação, de viverem livres da perseguição
e de buscar e gozar de asilo", afirmou.
O ex-técnico da CIA assegurou que Rússia, Venezuela,
Bolívia, Nicarágua e Equador - que lhe ofereceram asilo - "têm minha
gratidão e respeito por serem os primeiros a se posicionarem contra as
violações dos direitos humanos feitas pelos poderosos ao invés dos não
poderosos".
Esses países - disse - "ganharam o respeito do mundo.
Tenho a intenção de viajar para cada um deles para expressar meu agradecimento
pessoalmente aos seus povos e líderes".
Snowden anunciou que aceita formalmente "todas as
ofertas de asilo que recebeu e outras que possam ser oferecidas no futuro"
e pediu ajuda às organizações de direitos humanos para conseguir viajar para a
América Latina. Também anunciou que pediu asilo à Rússia até que seja permitido
viajar.
Na reunião, a representante da Human Rights Watch, uma das
presentes, revelou que quando estava a caminho do aeroporto recebeu um
telefonema do embaixador dos EUA em Moscou que lhe pediu que comunicasse a
Snowden que ele tinha violado a lei.
Fonte: Folha PE
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