A Copa do Mundo foi responsável pela geração de 1 milhão de
empregos no país, dos quais cerca de 700 mil foram formais. A informação foi
divulgada hoje (19) pelo presidente da Embratur, Vicente Neto, durante palestra
sobre Impactos dos Grandes Eventos na Economia Brasileira, no Centro de Mídia
da Fifa, na zona sul do Rio de Janeiro.
"Isto representa 15% do total de empregos gerados
durante o governo Dilma”, comentou ele ao informar que somente durante a Copa o
impacto na economia brasileira será de R$ 6,5 bilhões com serviços para os
turistas. "Em 2013, só na cadeia do turismo houve US$ 6,7 bilhões de
entradas no país, ingresso de divisas com turismo internacional. Somos a sexta
economia do turismo no mundo e a primeira da América do Sul", disse Neto.
Para o pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), Pedro
Trengrouse, o valor - se comparado ao Produto Interno Bruto de R$4,5 trilhões é
ínfimo. Entretanto, ele acredita que o impacto da Copa na economia brasileira
será bem maior que na África do Sul. “No Brasil, o futebol movimenta muito mais
pessoas e é por isso que temos 3 milhões de turistas brasileiros e 500 mil
turistas estrangeiros nesta Copa”, comentou.
De acordo com o professor da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ) Lamartine da Costa, projeções econômicas sobre impactos de
grandes eventos não valem de maneira geral, pois costumam ser
superdimensionados. "Temos que esperar terminar a Copa para sabermos o
real impacto do evento na economia”, declarou ele. “Os grandes eventos trazem
sempre benefícios, assim como o petróleo, que também traz muitos riscos",
comentou o professor em alusão a países ricos em petróleo, porém com enormes
desigualdades sociais e econômicas.
Lamartine defendeu que o modelo de mega eventos atual é insustentável
e deve ser repensado. "São coisas gigantescas e praticamente impossíveis
de serem organizadas com eficiência" comentou ele ao citar exemplos de
falhas em copas como as da Inglaterra e da África do Sul. "Além disso,
pesquisas mostram que em todos os países que fizeram mega eventos o número de
participantes em esportes tem caído. Os mega eventos têm feito com que o
significado original desses jogos que é o esporte se perca", comentou. O
professor lembrou que várias cidades da Europa retiraram suas candidaturas para
os próximos jogos de inverno.
O pesquisador da FGV também concordou que é preciso
reformular a maneira como Estados e entidades internacionais organizam os
grandes eventos esportivos. "Esse modelo de Copa e Olimpíadas não se
sustenta mais. São grandes festas, não geram grandes transformações",
declarou ele ao criticar os pesados
gastos por parte dos Estados, enquanto o lucro maior vai para as entidades
organizadoras dos eventos. "O que vimos foram secretários de governo
[servindo] como secretários da Fifa, esforçando-se para cumprir tantos
requisitos exigidos", disse ele, que contestou a razoabilidade de alguns
requisitos.
Pedro Trengrouse
também criticou a falta de eventos de exibição pública nas principais
cidades do Brasil. “O povo não pode pagar a conta e ficar fora da Copa”, opinou
o pesquisador que defendeu que criar espaços com shows e exibições dos jogos em
locais públicos para as pessoas que não conseguiram comprar ingressos era uma
obrigação dos governos. “É inadmissível que brasileiros estejam vendo a Copa no
Brasil da mesma forma como viram a do Japão”.
O presidente da Embratur não comentou as
opiniões do pesquisador Pedro Trengrouse e do professor Lamartine da Costa.
Fonte: Agência Brasil
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