Agência Brasil – Pelo nono mês seguido, a poupança registrou
perda de recursos. Segundo dados divulgados hoje (6) pelo Banco Central, os
correntistas retiraram R$ 5,293 bilhões a mais do que depositaram em setembro.
A caderneta registrou a pior captação líquida (diferença entre depósitos e
retiradas) da história para o mês.
No mês passado, os brasileiros depositaram R$ 158,178
bilhões na poupança, mas retiraram R$ 163,471 bilhões. O resultado negativo de
setembro, no entanto, apresentou leve melhora em relação ao de agosto, quando a
captação líquida tinha ficado negativa em R$ 7,502 bilhões.
De janeiro a setembro, os investidores sacaram R$ 53,791
bilhões a mais do que depositaram na poupança, também a pior captação líquida
registrada para o período. Nos nove primeiros meses do ano, os depósitos
somaram R$ 1,391 trilhão, mas os saques totalizaram R$ 1,445 trilhão.
Nos últimos meses, vários fatores estão provocando a fuga de
recursos da poupança. Em primeiro lugar, a alta da Selic (taxa básica de juros
da economia) tornou a poupança menos atraente que outras aplicações. Segundo a
Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade
(Anefac), a caderneta é mais vantajosa do que os fundos de investimento apenas
quando as aplicações são inferiores a seis meses, apesar de a poupança ser
isenta de Imposto de Renda e de taxas de administração.
A alta da inflação também contribuiu para a perda de
atratividade da poupança. Nos últimos 12 meses, a caderneta rendeu 7,78%, o
equivalente à Taxa Referencial mais 6,17% ao ano. A inflação pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, no entanto, está em 9,53%, puxada pela
alta de preços administrados, como combustíveis e energia. O aumento dos preços
e do endividamento dos consumidores também diminui a sobra de recursos a ser
aplicada na caderneta.
A fuga de recursos da caderneta provocou problemas no
crédito imobiliário porque os depósitos da poupança são usados para financiamento
de imóveis. No primeiro semestre, o Conselho Monetário Nacional (CMN) remanejou
R$ 22,5 bilhões de compulsórios – parcela que os bancos são obrigados a manter
depositada no Banco Central – para evitar a escassez de recursos para o setor.
Fonte: nilljunior.com.br
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