Paiva Netto
A Solidariedade anima o ser humano. Alguns pensam que seja
uma coisa abstrata. Não é. Você de repente está muito bem de vida, daqui a
pouco não está mais. Um vizinho lhe arranja alimento para seus filhos. Veja a
Solidariedade ativa nesse ato! Você vive distante, de súbito, sente no coração
o desejo de se formar, digamos, em medicina, não tem o apoio de ninguém. Põe o
pé no caminho, chega ao destino procurado e encontra pessoa amiga que o
incentiva. E, depois de muita luta, alcança a vocação ambicionada. Apesar de
haver quem diga: “Não, eu me fiz sozinho!”. Duvido! Esses deveriam olhar para
si próprios e ver se estão nus, porque as roupas que vestem passaram por muitas
mãos…
Mas ainda existem aqueles para quem esse fator não seja ação
de política social.
Por isso é que, se pararmos um pouco e meditarmos, voltados
para a História, poderemos concluir a razão pela qual, talvez, ideologias
brilhantes, na hora do “ver para crer”, apresentam resultado aquém do previsto,
deixando os seus mais nobres idealistas frustrados. Por quê? Porque faltou
Solidariedade no coração de alguns dos seus executores. Isso para não falar em
Caridade, poderoso sentimento que soberanamente envolve todos os demais. (...)
Há os que até agora a consideram delírio de “desvairados” religiosos ou
místicos “impostores”. Binet-Sanglé (1868-1941), autor de A loucura de Jesus,
de certa forma pensava assim. Hoje, na Vida Espiritual — onde fatalmente caem
as escamas que ensombrecem o entendimento dos Assuntos Divinos enquanto
permanecemos na carne — pode estar revendo seus conceitos.
Sem Solidariedade e sem espírito de Caridade, estratégias de
Deus, ninguém irá para a frente. O tempo mostrará aos mais céticos (...). Um
dia serão quesitos fundamentais da Política (com P maiúsculo).
José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br —
www.boavontade.com
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