Estratégicas de adaptação energética, hídrica e alimentar
aos efeitos do clima poderão fortalecer e ampliar arranjos produtivos dentro da
Caatinga
Nesta quarta-feira (19), comunidades dentro da Reserva
Ambiental Serra do Giz, em Afogados da Ingazeira, terão a oportunidade de
firmarem uma parceria para o fortalecimento e ampliação do potencial
bioecônomico de seus arranjos produtivos locais a partir da biodiversidade da
Caatinga e do clima semiárido da região. Em parceria com a prefeitura do
município, a rede nacional de pesquisadores (Ecolume), financiada pelo CNPq
para o desenvolvimento de novas tecnologias sociais adaptadas aos efeitos da
mudança do clima no bioma, reúne-se com os agricultores da Associação Rural de
Umbuzeiro e Leitão, situada na reserva. Os pesquisadores ainda se reúnem com os
professores e alunos de uma escola na Serra do Giz.
O Ecolume deve levar várias sugestões já em desenvolvimento
pela rede com parceiros em outras cidades sertanejas de PE. Dentre elas, o
sistema agrovoltaico voltado para os eixos energético e alimentar (painéis
solares para a geração de energia elétrica e usos diversos, como para a
irrigação de plantas nativas para fins bioeconômicos; e a produção consorciada
de alimentos vegetal e animal por tubos suspensos e o reuso de água). Outro
inovador sistema com finalidade hídrica e produtiva será o de saneamento básico
rural, permitindo o tratamento da água já usada para uso agrícola.
“Garantir alimento e renda, vivendo melhor e dentro da sua
comunidade, perto da sua família e em harmonia com a natureza, é isso que
buscamos e percebemos esse potencial com a parceria através do Ecolume”, conta
Ademar de Oliveira, secretário de Agricultura de Afogados da Ingazeira. O
gestor, que é morador da comunidade de Umbuzeiro dentro da reserva ambiental e
que também preside a referida associação rural, acredita nas inovações
defendidas pelo Ecolume para a melhoria da vida produtiva, financeira,
alimentar, hídrica e energética das famílias dessa localidade.
45 famílias já possuem a unidade de beneficiamento de
castanha de caju, chamada de Mãos Crioulas. “E a parceria com o Ecolume pode
fortalecer e ampliar o arranjo produtivo através de tecnologias sociais energéticas,
de reuso d’água e de produção de alimento vegetal e animal adaptados e nativos
do semiárido”, diz Ademar. O Ecolume atua justamente nestes três eixos. “O
nosso objetivo é buscar, desenvolver e integrar tecnologias e comunidades a fim
de encontrarem potencialidades a partir das riquezas da Caatinga e do clima
semiárido”, conta a coordenadora da rede, Francis Lacerda, pesquisadora do
Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA).
“O uso de painéis solares contribuirá na geração de energia
e na redução de nossos custos produtivos com a nossa agroindústria e com a
irrigação. Só para bombeamos água do poço, gastamos cerca de R$ 400 mensal. O
sistema agrovoltaico também contribuir na diversificação da produção, que não
se limitará à castanha, mas poderá ampliar com o beneficiamento do caju e
outras plantas adaptadas e nativas, como o umbu”, diz Ademar.
Afogados da Ingazeira já recebeu do Ecolume 600 mudas de
umbu. Elas foram plantadas na Serra do Giz. O reflorestamento dessa espécie
nativa, que tem várias propriedades alimentar, nutricional e farmacológica,
como demonstradas pelo Departamento de Bioquímica da UFPE (parceiro do Ecolume)
teve o objetivo também bioeconômico. “Com o beneficiamento do umbuzeiro, ele
pode ser comercializado em produtos vários, inclusive com fabricação de
cerveja”, diz Márcia Vanusa, docente da UFPE. A meta do Ecolume é produzir e
replantar 5 mil pés de umbu no Sertão este ano.
Os filhos dos agricultores na Serra do Giz também serão
envolvidos nesta parceria com o Ecolume. Além do diálogo com os produtores e
lideranças locais para analisar a viabilidade das ações, os estudantes e
professores de uma escola dentro da reserva serão envolvidos. Márcia e Francis
terão a oportunidade de falarem sobre o Ecolume e das questões de soberania
energética, alimentar e hídrica do sertanejo frente à mudança do clima. E
planejarão com a comunidade escolar atividades conjuntas sobre o tema. Um
viveiro com espécies nativas também pode ser implantado na reserva.
Fonte: Assessoria de
Comunicação.
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