Sistema de Tratamento comunitário de água de esgoto para o
reuso agrícola a ser instalado na escola em Ibimirim
Tecnologia criada inicialmente para o saneamento básico pode
superar gargalos hídricos do Sertão para a criação de novos arranjos produtivos
bioeconômicos através da planta e seu reflorestamento dentro do estado
De hoje (10) até quarta-feira (12), engenheiros do Instituto
Nacional do Semiárido (Insa) visitam Pernambuco para participarem de atividades
pedagógicas e práticas no Sertão do Moxotó, região do bioma Caatinga. Os
especialistas promoverão uma oficina sobre tratamento comunitário de água de
esgoto para o reuso agrícola. Na sequência, a partir da água usada na cozinha
de uma escola em Ibimirim, será implantado no local o sistema de tratamento
dessa água para ser usada na irrigação do cultivo de umbu a fim de
potencializar a criação de novas cadeias produtivas bioeconômicas através do
reflorestamento de plantas nativas no estado.
Propriedades nutricionais, alimentares e farmacológicas do
umbuzeiro, comprovadas pelo departamento de Bioquímica da UFPE, têm trazido a
possibilidade da criação de arranjos produtivos a partir dos agricultores
familiares. Com o umbu, após beneficiado, pode-se fazer até cerveja. E, nesta
perspectiva, centenas de mudas de umbu foram distribuídas pelo Instituto
Agronômico de Pernambuco (IPA) no Moxotó há poucos dias. 600 já foram plantadas
na Serra do Giz, em Afogados da Ingazeira, na última semana. Além dessas mudas,
o IPA já semeou mais 1,8 mil para novas doações em outros cidades e já há
outras 2 mil sendo semeadas.
A iniciativa é da Rede Nacional de Pesquisadores (Ecolume),
financiada pelo CNPq e liderada pela coordenadora do Laboratório de Mudança do
Clima do IPA, Francis Lacerda. O Ecolume atua em busca da segurança alimentar,
energética e hídrica como forma de enfrentamento aos efeitos da alteração
climática no bioma Caatinga. O Insa é uma das instituições parceiras, assim
como a UFPE e a escola Serta em Ibimirim. O Insa tem atuado na questão hídrica
no semiárido. “É um prazer ser parceiro desta rede que busca sustentabilidade
socioambiental da região, sobretudo no âmbito da agricultura familiar”, diz
Salomão Medeiros, diretor-geral do Insa.
Mateus Mayer, um dos engenheiros do Insa e responsável pelo
sistema hídrico de tratamento comunitário para reuso agrícola a ser instalado
no Serta, antecipa que ele terá capacidade de tratar até 5 mil litros da água
do escoto da escola por dia, deixando-a qualificada para fins de irrigação nas
proximidades. “A tecnologia usada é um sistema combinado de tranque céptico,
reator Uasb e de lagoas de polímeros. Com ele, preservamos os nutrientes da
água para as plantas e eliminamos os patógenos e uma grande quantidade de
matérias orgânicas que as prejudicariam”, explica.
“Ao invés de desperdiçar a água usada na cozinha e
refeitório da nossa escola de Agroecologia, será transformada com a tecnologia
e reusada em nossos canteiros pedagógicos pela irrigação por gotejamento. Assim
potencializa o cultivo de umbu e de outras plantas nativas da Caatinga”, diz o
coordenador do Serta, Sebastião Alves. A iniciativa evidencia todo o ciclo
virtuoso do uso da água e a relevância de um modelo pertinente para o
saneamento básico rural adaptado com as condições semiáridas.
Através dessa tecnologia do Insa, a água, que é um bem
hídrico valioso para as populações sertanejas, pode-se potencializar o plantio
do umbu e outras espécies nativas com potencialidades bioeconômicas na região.
“O recaatingamento do Bioma poderá contribuir na
distribuição de renda para pequenos agricultores através da preservação e
beneficiamento da planta em forma de diversos produtos, como alimentos e
bebidas”, conta Francis. Ademais, diz a pesquisadora, ao recuperar a cobertura
vegetal da Caatinga, ocorre outro processo virtuoso, o hidrológico, ocorrendo
através da manutenção da umidade do solo e a sua evapotranspiração pelas
plantas para atmosfera, contribuindo no microclima da localidade. A
pesquisadora lembra também que as plantas usam gás carbônico para realizar a
fotossíntese, contribuindo assim na absorção do CO² do ar e ajudando na redução
do efeito estufa do planeta, diminuindo o aquecimento global.
Fonte: nilljunior.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo comentário.