O secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, falou sobre o 1º ano da campanha de vacinação contra Covid-19 e os desafios para os próximos dias. “Vamos continuar trabalhando para sensibilizar as pessoas em atraso com as doses”, diz Longo.
JC — Como o senhor avalia o primeiro ano de campanha de
vacinação contra Covid-19 no Estado?
André Longo — Aplicamos mais de 15 milhões de doses
de vacinas neste período. Obviamente que, no início, sofríamos com a quantidade
que era bastante aquém daquilo que era a nossa capacidade de vacinar.
E sofremos com a falta de coordenação nacional e de um
discurso uníssono em defesa da vacina, especialmente por parte do governo
federal, que titubeou em vários momentos. Isso gerou uma mensagem que a gente
acredita ser inadequada para a população. Esse cenário contribuiu para que não
conseguíssemos atingir patamares melhores de vacinação.
O Programa Nacional de Imunizações é um exemplo para o
mundo, mas a gente chega a um ano (de campanha) com a sensação de que poderia
ter sido melhor se tivéssemos mais apoio do governo federal e um comandante que
não falasse contra a vacinação.
JC — A vacinação das crianças começa apenas um mês após a
Anvisa ter autorizado a aplicação da Pfizer nesse público. Como esse impasse,
provocado pelo governo federal, pode afetar a proteção desse público?
André Longo — Esse retardo de 30 dias pode fazer a
diferença para algumas crianças. Sabemos que, em alguns países, a ômicron tem
levado mais crianças à internação.
Nos Estados Unidos, as hospitalizações desse grupo
aumentaram muito com a chegada dessa variante, que já predomina em Pernambuco.
Então, essa perda de tempo (para iniciar a imunização infantil) pode ser
decisiva para algumas crianças. O ideal seria chegar ao momento de reinício das
aulas com todas as crianças protegidas.
Mas, assim como ocorreu há um ano, a vacinação infantil
infelizmente vai ser a conta-gotas, com a mesma dificuldade que a gente teve lá
atrás. As crianças vão padecer agora com a chegada de doses limitadas, a cada
semana. Não vai dar para vacinar, fazer uma campanha de vacinação muito ampla e
rápida, como deveríamos.
JC — Qual desafio atual?
André Longo — Estamos preocupados com a quantidade de
pessoas vulneráveis (sem o esquema completo de vacinação). Com o Vacina Mais
Pernambuco, estamos indo de casa em casa.
Na Mata Sul, região onde havia um vazio (de vacinados) mais
expressivo, partimos para a ação. O trabalho tem dado frutos: já vacinamos mais
de 10 mil pessoas nessa área. São pernambucanos que deixaram de ser vulneráveis.
Mas não paramos. Vamos continuar trabalhando para sensibilizar as pessoas em
atraso com as doses.
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