Introdução do Pix pelo Banco Central representou importante papel nesse processo. Restrições de mobilidade decorrentes da pandemia foram relevantes para a aceleração no uso dos meios digitais. Dados são do Boxe 7 - Evolução de meios digitais para realização de transações de pagamento no Brasil, divulgado hoje (31) pelo BC.
O uso de meios digitais para fins de transações financeiras no Brasil cresceu de forma acelerada na última década. Diversos fatores contribuíram para esse crescimento, desde o arcabouço legal e infralegal que conduziu ao florescimento dos mercados de arranjos e instituições de pagamento, até as inovações tecnológicas como o Pix . Esse processo de digitalização também foi acelerado pelos efeitos decorrentes das medidas preventivas de isolamento social adotadas no transcorrer da pandemia da Covid-19.
A constatação está no Boxe 7 – Evolução de meios digitais para realização de transações de pagamento no Brasil, divulgado nessa quarta-feira (31) pelo Banco Central. O documento integra o Relatório de Economia Bancária (REB), que será publicado pelo BC na próxima terça-feira (6 de junho).
Evolução crescente
De acordo com o estudo, observam-se três momentos distintos no uso de meios digitais para pagamentos no país. No primeiro, até 2016, há um crescimento moderado da quantidade de transações per capita. No segundo, de 2017 até 2020, nota-se significativa elevação do volume financeiro transacionado por meios digitais, acompanhada pelo aumento mais acelerado da quantidade de transações realizadas por cada indivíduo. E, no período recente, de 2021 a 2022, verifica-se uma elevação vigorosa da quantidade de transações per capita, além da continuidade do crescimento relativo do volume financeiro transacionado.
'Essa revolução na forma de realização de pagamentos também espelha um processo contínuo de digitalização da economia, que perpassa o avanço do e-commerce como meio usual de realização de compras, bem como a revisão e adaptação do modelode negócios de instituições financeiras tradicionais, ao mesmo tempo em que fintechs e bigtechs, grandes varejistas e outras empresas não financeiras passam a intensificar suas atividades no sistema financeiro', disse Angelo José Mont Alverne Duarte, chefe do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro (Decem) do Banco Central.
Mais competição
O trabalho lembra que, a partir de 2016, as instituições de pagamento (IPs) começaram a ser autorizadas a funcionar pelo BC e a operar. No ano passado, o BC autorizou a atuação de mais de 73 IPs, cujo crescimento do volume financeiro transacionado e a quantidade de transações têm acelerado desde então.
O Boxe constatou, no mesmo período, o início do crescimento da utilização do telefone celular para a realização de transações financeiras – o percentual saltou de 9% em 2016 para 79% em 2022; enquanto, no mesmo intervalo, as operações por canais presenciais caíram de 53% para 5%, e por Internet Banking, reduziram de 38% para 16%.
“A proporção de uso desse canal de atendimento, superando amplamente nos últimos anos não só os canais presenciais como também o Internet Banking, representa uma nova fase de digitalização do uso do sistema financeiro pela população brasileira”, avaliou o chefe do Decem.
Pix
Angelo explica que a evolução regulatória em prol da competição e da inclusão financeira dos últimos anos, ao mesmo tempo em que manteve a solidez e eficiência do SFN , permitiu o desenvolvimento de um ecossistema de pagamentos inovador, cuja maturidade levou à introdução do Pix.
Os dados também mostram que o baixo custo e a facilidade de uso, entre outros fatores, amplificaram a velocidade de adoção do Pix.
Sobre a evolução do ticket médio dos diferentes meios de pagamento, as informações mostram o uso preponderante do Pix e dos cartões (especialmente o pré-pago) nas transações de valor mais baixo, indicando seu papel importante na inclusão financeira. Transferências interbancárias e intrabancárias foram as principais opções para transações corporativas, de valores substancialmente mais altos.
Transações por instrumento de pagamento
Entre 2010 e 2016, houve uma redução no uso de boletos e cheques e aumento moderado dos cartões de débito. A partir de 2017, observa-se um crescimento mais acelerado no uso de cartões, possivelmente pela entrada de instituições de pagamento, que emitem cartões de crédito e cartões pré-pagos, segundo o trabalho.
A partir do final de 2020, o Pix cresce de forma expressiva, reduzindo, em termos relativos, a participação dos demais meios de pagamento e de transferência na quantidade total de transações financeiras. Mesmo assim, há um contínuo aumento da utilização de cartões (incremento expressivo da quantidade de transações com cartões de débito e pré-pago, desempenhando um papel relevante na inclusão financeira, sobretudo de jovens que estão entrando no sistema financeiro). Os boletos, por sua vez, ficaram estagnados e o cheque teve uma redução ainda mais acelerada, mostra o Boxe do REB.
“A evolução da quantidade de transações por meio do Pix demonstra que esse instrumento teve importante papel no significativo aumento na quantidade de transações do ecossistema de pagamentos como um todo, proporcionando a participação de pessoas que nunca haviam realizado transferências. Em apenas dois anos de operação, o Pix tornou-se o instrumento com maior quantidade anual de transações”, completou Angelo.
O boxe traz ainda dados sobre volume de transações (dados anuais), volume financeiro do mercado de cartões, saques em ATMs e agências bancárias e valor transacionado por instrumento de pagamento, além de outras informações relacionadas ao assunto. Acesse a íntegra do documento aqui.
Fonte: www.bcb.gov.br
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