É o que revela nova pesquisa do Datafolha, feita em 112
municípios com 2.010 eleitores. O levantamento tem dois pontos de margem de
erro, para mais ou menos, e foi feito de segunda (12) à quarta-feira (14).
Em comparação com a aferição anterior, realizada em 29 e 30
de março, os números variam apenas dentro da margem de erro. Aos três meses de
mandato, Lula tinha aprovação de 38% e reprovação de 29%, sendo visto como
regular por 30%.
Em termos relativos, os números trazem más e boas notícias
para o petista, que assumiu seu terceiro mandato em janeiro.
Começando pelo lado negativo, eles repetem o pior desempenho
de um mandatário eleito em primeiro mandato desde a redemocratização de 1985 e,
para desgosto da militância, emula o desempenho do rival derrotado em outubro
passado, Jair Bolsonaro (PL).
A esta altura do mandato, o ex-presidente tinha 33% de
aprovação, 33% de reprovação e 31% de avaliação regular. Usando os limites da
margem de erro, é um empate técnico com ligeira vantagem numérica para Lula.
Mas o petista perde para Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em
1995 (40% de ótimo/bom, 40% de regular e 17% de ruim/péssimo), para si mesmo em
2003 (42%, 43% e 11%) e para a sucessora, Dilma Rousseff (PT), em 2011 (49%,
38% e 10%).
Comparando com o seu desempenho após a reeleição de 2006, o
que não pode ser feito de forma direta pois trata-se de um governo de
continuidade, ele também perde: a esta altura de 2007, tinha 48% de aprovação,
37% de regular e 14%, de reprovação.
Como diz o clichê, pesquisas são fotografias. FHC se
reelegeu e completou o mandato, Dilma venceu a segunda eleição e sofreu
impeachment dois anos depois, Bolsonaro não bateu Lula.
Mas fotos dizem algo sobre a realidade política, e aí entra
o campo positivo para o presidente. Seu governo enfrenta uma crise política em
capítulos, algo agônica, mas com aparente repercussão nula no eleitorado.
Lula vive um embate com a Câmara, capitaneada pelo centrão
de Arthur Lira (PP-AL), que já lhe trouxe toda sorte de dificuldades e que o
deverá obrigar a fazer alterações no ministério para agradar neoaliados. Isso
para não falar em questões mais distantes do eleitorado, como os criticados
movimentos de política externa do petista.
Nada disso melhorou ou piorou de forma significativa sua
avaliação. Ao contrário, a estratificação dos dados de aprovação mostram que
tudo segue como antes no reino da polarização brasileira.
Aprovam mais Lula aqueles de renda mais baixa (até 2
salários mínimos, 43% de ótimo/bom), menos escolarizados (47%) e nordestinos
(47%). Neste último grupo, ainda que dentro da margem maior de erro dele (4
pontos), houve uma oscilação negativa mais expressiva na aprovação: de 6 pontos
ante março.
Já a reprovação ao petista cresce em grupos conhecidos. Dos
que ganham de 2 a 5 salários mínimos, a dita classe média baixa, e entre
moradores do Centro-Oeste, são 34% os que reprovam Lula. Entre evangélicos,
37%, e entre a minoria (4% da amostra) mais rica (mais de 10 mínimos mensais),
49%.
A pesquisa traz um desvio maior na curva de avaliação de
Lula entre aqueles que ganham de 5 a 10 mínimos mensais (R$ 6.600 a R$ 13.200).
No grupo, houve a maior queda de reprovação, de 15 pontos percentuais em
relação a março (47% para 32%). Mesmo considerando que a margem de erro nesse
subgrupo é maior, de 7 pontos percentuais, é notável.
A questão não foi feita, mas um evento do noticiário que
pode ter chamado atenção para esse estrato mais abastado no período foi a
discussão que levou à queda do preço de algumas categorias de automóveis. Mas
isso é especulativo.
As boas notícias relativas da economia, como a aprovação inicial do arcabouço fiscal pelo Congresso, a queda do preço do dólar ou a melhoria da perspectiva do risco-país, seguem abstratas para a maior parte da população. Aqui, a estabilidade na taxa de desemprego (8,5% no primeiro trimestre) conversa melhor com os números inalterados de Lula.
As informações são da Folha de S.Paulo/ Blog do Nill Júnior.
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