O custo médio do estoque da DPF acumulado em 12 meses caiu de 10,65% ao ano, em janeiro, para 10,56% anual, em fevereiro
O estoque da Dívida Pública
Federal (DPF) encerrou o mês de fevereiro em R$ 6,59 trilhões, representando
alta de R$ 145,43 bilhões em relação a janeiro, ou seja, elevação de 1,08% em
termos nominais. Esse resultado foi impulsionado, principalmente, pela alta da
Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi), que passou de R$ 6,17
trilhões, em janeiro, para R$ 6,31 trilhões, em fevereiro (elevação de 2,32%),
devido à emissão líquida de R$ 90,75 bilhões e à apropriação positiva de juros
de R$ 52,37 bilhões. O estoque da Dívida Pública Federal externa (DPFe) subiu
0,84% (termos nominais) no período, encerrando fevereiro em R$ 276,14 bilhões
(US$ 55,41 bilhões).
As informações constam do
Relatório Mensal da Dívida referente a fevereiro de 2024, produzido pela
Secretaria do Tesouro Nacional (STN). O material foi divulgado na última
quinta-feira (28/3) em coletiva de imprensa realizada no edifício-sede do
Ministério da Fazenda, em Brasília. Participaram da entrevista o
coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Helano Borges Dias; o
coordenador-geral de Controle de Pagamento da Dívida Pública, Leonardo Martins
Canuto Rocha; o coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida
Pública, Luiz Fernando Alves; e o coordenador-geral do Tesouro Direto Paulo
Moreira Marques.
O relatório destaca que fevereiro
foi marcado pela forte alta dos juros ao redor do mundo, causado pela
persistência inflacionária e pela robustez da economia norte-americana. No
mercado local, o amplamente esperado corte de 50 pontos na taxa Selic teve
pouco impacto na curva, aponta o Tesouro. Com isso, a parte curta da curva
operou perto da estabilidade, enquanto as partes intermediária e longa abriram
até 20 pontos, refletindo principalmente o cenário externo e a alta das
Treasuries (títulos de dívida emitidos pelo governo dos Estados Unidos). O CDS
Brasil Brasil [Credit Default Swap, indicador que reflete o risco-país]
alcançou o valor de 125 pontos base no dia 29 de fevereiro (queda de 9,25% em
relação a janeiro).
“O principal vetor que tem
conduzido a conjuntura econômica nos últimos períodos é a expectativa em
relação à política monetária norte-americana” explicou o coordenador-geral de
Operações da Dívida Pública. “Desde a recuperação global após a pandemia,
elevação dos preços de maneira geral, a inflação no mundo subiu; os bancos
centrais elevaram as taxas de juros e o banco central norte-americano, o
Federal Reserve, veio nesse movimento. Em agosto do ano passado, a taxa de
juros dos Estados Unidos atingiu o pico. Desde lá, os números da inflação
norte-americana melhoraram bastante, convergindo para a meta deles. Então os
investidores criaram expectativa muito grande de que em março pudesse haver o
início da flexibilização da política monetária norte-americana. Mas desde
janeiro os dados de preços ao consumidor vieram surpreendendo de maneira negativa,
acima das expectativas, o que levou a um reposicionamento da previsão da
redução de juros nos Estados Unidos. Isso acaba contaminando os mercados, de
maneira geral”, continuou Helano Dias, ao comentar pontos que afetaram os
resultados de fevereiro.
“No mercado local, a parte curta
da curva está bem precificada, no sentido de que os agentes esperam com
bastante precisão o que o Banco Central vai fazer no curto. O médio e o longo
prazos acompanharam o movimento das Treasuries, que subiram muito em função
desse realinhamento de expectativas da taxa de juros nos Estados Unidos”,
completou Helano Borges Dias.
Acesse o Relatório Mensal daDívida referente a fevereiro de 2024 (clique aqui)
Emissões e resgates
Em fevereiro, o governo emitiu R$
126 bilhões em títulos da Dívida Pública Federal (DPF) e resgatou R$ 35,79
bilhões. Essa movimentação resultou na emissão líquida de R$ 90,21 bilhões no
mês (resultado das emissões de R$ 90,75 bilhões da DPMFi e resgates de R$ 541,9
milhões na DPFe).
Do total das emissões da DPMFi em
fevereiro, parcela de R$ R$ 81,04 bilhões refere-se a títulos flutuantes; R$
36,04 bilhões a títulos prefixados e R$ 8,88 bilhões a papeis vinculados a
índices de preços.
As Instituições Financeiras
permanecem sendo os principais detentores dos títulos da dívida, com
participação de 28,82% na DPMFi, seguidas por Previdência (23,36%), Fundos de
Investimento (23,30%) e Não-residentes (9,80%).
Durante o mês passado, foi
observada alta nos estoques detidos por todos esses grupos: Instituições
Financeiras (+R$ 84,95 bilhões), Previdência (+R$ 15,98 bilhões); Fundos de
Investimento (+R$ 20,99 bilhões), e Não-residentes (+R$ 6,20 bilhões).
Custo médio
O custo médio do estoque da DPF
acumulado em 12 meses caiu de 10,65% ao ano, em janeiro, para 10,56% anual, em
fevereiro. O prazo médio da DPF apresentou redução de 4,11 para 4,07 anos.
O custo médio do estoque da DPMFi
acumulado em 12 meses também apresentou retração, saindo de 11% ao ano
(janeiro) para 10,97% anual (fevereiro). O custo médio das emissões em oferta
pública da DPMFi caiu de 11,56% ao ano, em janeiro, para 11,51% anual, no mês
passado.
Também houve queda no custo médio
do estoque da DPFe acumulado em 12 meses, que diminuiu de 2,72% ao ano, em
janeiro, para 1,31% anual, em fevereiro. Isso foi devido, principalmente, à
depreciação do dólar em relação ao real de 0,60% em fevereiro de 2023, contra a
apreciação de 2,13% verificada em igual período de 2023.
Colchão de liquidez
A reserva de liquidez (colchão)
apresentou elevação, em termos nominais, de 17,22%, passando de R$ 813,24
bilhões, em janeiro, para R$ 885,10 bilhões, no mês passado. Em relação ao
mesmo mês do ano anterior (R$ 995,66 bilhões), houve queda, em termos nominais,
de 11,10%.
O índice de liquidez registrado
em fevereiro garante pagamentos de 6,52 meses de vencimentos futuros. Está
garantida, portanto, a manutenção do caixa prudencial, acima de três meses de
vencimentos à frente.
“O colchão de liquidez está bem
acima do nível prudencial, de três meses. Esse nível prudencial foi construído
com base na experiência que temos em gestão de dívida desde o final da década
de 1990”, destacou Helano Borges Dias. “Temos expectativa de que, ao longo do
ano, possamos elevar o colchão de liquidez, mas ele já se encontra em nível
bastante confortável”, reforçou o coordenador-geral de Operações da Dívida
Pública.
Tesouro Direto
O Tesouro Direto contabilizou
vendas de R$ 3,04 bilhões e resgates de R$ 2,82 bilhões em fevereiro,
resultando em emissão líquida de R$ 220 milhões. O título mais demandado foi o
Tesouro Selic (64,82%). O estoque alcançou R$ 131,45 bilhões, alta de 1,04% em
relação a janeiro. Os títulos indexados à inflação representaram 48,55% do
estoque. As operações até R$ 5 mil responderam por 83,09% das compras do
Tesouro Direto no mês passado.
O Tesouro Direto registrou
324.795 novos investidores cadastrados em fevereiro. Isso elevou o número total
de investidores a 27,71 milhões, alta de 18,65% nos últimos 12 meses. O total
de investidores ativos chegou a 2,54 milhões no mês (variação de 19,66% nos
últimos 12 meses).
Março
O Tesouro Nacional destaca que
março foi marcado por forte oscilação nas Treasuries, que chegaram a subir 20
pontos-base devido aos dados de emprego e inflação mais altos que o esperado.
Contudo, as taxas recuaram após declarações mais moderadas do presidente do
FED.
No mercado local, a parte curta da curva apresentou comportamento misto em março, refletindo em parte o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), que reduziu as expectativas de corte da taxa Selic. Já a parte longa apresentou alta de até 15 pontos-base, afetada pelo movimento das Treasuries e pela persistência inflacionária americana. O CDS Brasil [Credit Default Swap, indicador que reflete o risco-país] alcançou o valor de 133 pontos base no dia 25 de março (alta de 6,32% em relação a fevereiro).
Acesse a íntegra da entrevista coletiva concedida pelo Tesouro Nacional sobre o Relatório Mensal da Dívida de fevereiro de 2024
Fonte: www.gov.br
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