A segunda audiência pública conjunta das Comissões de
Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e de Assuntos Econômicos (CAE) para
discutir o Projeto de Resolução do Senado (PRS) 72/2010, - que uniformiza a
alíquota do ICMS sobre bens e mercadorias importados -, contou com a presença
de representantes do setor produtivo, dos trabalhadores e do governo que
pediram urgência na aprovação do projeto como meio de inibir o processo de
desindustrialização do Brasil .
Dando início ao debate, Luiz Carlos Hauly, secretário de
Fazenda do estado do Paraná, comparou as empresas que utilizam os benefícios
fiscais do ICMS para importações às “aves de arribação”, ou aves migratórias -
tão logo usufruem as vantagens concedidas, partem para outro estado, em busca
de novas oportunidades. Ele defendeu a cobrança do imposto no destino, como
acontece na Europa e no Canadá.
O presidente da Força Sindical, deputado federal Paulo
Pereira da Silva (PDT-SP), ressaltou que o Brasil perdeu 500 mil empregos em
consequência desse incentivo fiscal a produtos importados. “Empregos bons, não
são empregos no serviço ou no comércio, com menor remuneração, mas são empregos
na indústria”, afirmou o deputado. “Não somos contra a importação. Será que nós
desaprendemos a trabalhar, a produzir, a ter qualidade?”, indagou o presidente
da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, Aguinaldo Diniz
Filho, informando que o setor têxtil responsável por 3,5% do PIB, era
superavitário em 2005, mas terá um déficit de US$ 6,2 bilhões em 2012.
O empresário Jorge Gerdau Johannpeter, conselheiro do
Instituto Aço Brasil, afirmou que a aprovação da Resolução 72 é “a primeira
etapa na tentativa de corrigir um pouco essa distorção absoluta que é a guerra
fiscal em nosso sistema tributário”. Ele citou ainda o absurdo e “inusitado”
modo do Brasil financiar a geração de
empregos no exterior.
Para o senador Armando Monteiro, as informações passadas
pelos expositores confirmam que a manutenção desses incentivos fere os
interesses nacionais. “As informações aqui expostas confirmam de forma
inequívoca, do ponto de vista da lógica econômica, do interesse nacional, que a
manutenção desses incentivos lesa os interesses do país. Não apenas por que
desequilibra a concorrência empresarial, desestimula a formação do investimento
de capital fixo no nosso país, mas por penalizar especialmente os
trabalhadores, porque essa ação inibe a geração de empregos”, comentou o
senador. Por outro lado, avaliou Armando Monteiro, esses incentivos tencionam
as relações federativas, porque “o que vem acontecendo é dar incentivos com o
chapéu alheio”.
Segundo o parlamentar o momento é de refletir sobre qual o
papel que o Congresso Nacional deve desempenhar nesse momento? ”O Congresso
Nacional tem a oportunidade de decidir sobre uma questão relevante. Nós não
podemos deixar de dar os primeiros passos imaginando que vamos resolver todos
os conflitos federativos do país e, que em um só golpe, vamos promover também
uma ampla melhoria do ambiente tributário do Brasil”, afirmou Armando Monteiro.
Para Armando Monteiro cabe ao Congresso Nacional promover
reformas que atenuem os graves problemas socioeconômicos do país. “Temos a
oportunidade concreta de poder atenuar um quadro grave que se abate sobre a
indústria brasileira, causando extraordinários prejuízos socioeconômicos. Não
podemos remeter essa discussão a uma solução aos problemas estruturais que o
país vem acumulando ao longo dos anos. Nem tampouco a aprovação dessa resolução
não pode diminuir o ímpeto reformista dessa Casa. O que precisamos é avançar,
mesmo que de forma incremental, na direção da redução do Custo Brasil, sem
perder a perspectiva da realização das grandes reformas que o país carece. O
que não tem sentido é uma posição de imobilismo por nossa parte”, analisou o
senador, favorável também a uma compensação aos estados, caso efetivamente,
sejam afetados com a uniformização da alíquota do ICMS.
Crédito
da foto: Miguel Ângelo /divulgação
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo comentário.