O fenômeno climático da seca é antigo, cíclico, previsível e
pode-se conviver com ele de maneira sustentável, desde que se faça uso de
soluções tecnológicas e alternativas adequadas. Esta foi uma das afirmativas de
destaque feitas pelo chefe-geral da Embrapa Semiárido (Petrolina, PE), Natoniel
Franklin de Melo, em palestra sobre tecnologias da Embrapa aplicadas ao
Semiárido, em audiência pública na Assembleia Legislativa de Sergipe, na última
terça-feira (26).
Atendendo a convite do deputado estadual João Daniel, e
acompanhado pelo chefe-geral da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE),
Edson Diogo Tavares, Natoniel falou para um parlamento lotado de deputados,
prefeitos de municípios castigados pela seca, agentes públicos das três esferas
de governo, dirigentes de movimentos populares ligados ao campo e populações
tradicionais – MST, Quilombolas, Federação dos Trabalhadores na Agricultura de
Sergipe (Fetase), entre outros.
Na audiência intitulada ‘Adaptação, desafios e perspectivas
da seca no Semiárido’, o chefe de uma das oito Unidades da Embrapa localizadas
no Nordeste fez uma caracterização da região e seus aspectos climáticos e de
solo, além de abordar aspectos relevantes na adaptação do pequeno agricultor na
região do Semiárido sergipano e nordestino. “O primeiro ponto que devemos
ressaltar é que o Semiárido brasileiro não é uma região tão uniforme quanto se
imagina. Dentro dele encontramos cerca de 110 unidades de paisagem distintas,
com condições de clima, solo e vegetação diferentes, e as soluções devem ser
adequadas a cada caso específico. Não dispomos de uma tecnologia que possa ser
aplicada de forma geral a todo o Semiárido”, explica.
Outro aspecto crucial frisado pelo chefe-geral da Embrapa
Semiárido é que a água é o componente essencial de todos os agroecossistemas em
questão. Segundo ele, as tecnologias e alternativas de captação e
aproveitamento da escassa água da região são o principal fator de uma
convivência sustentável com a falta de chuvas. “As variadas técnicas de
captação da água da chuva, extração de águas subterrâneas e tratamentos para
redução de sua salinidade, a construção de barragens subterrâneas, entre
outras, são fundamentais para que as tecnologias agrícolas tenham sucesso”,
reforçou.
Entre as soluções destacadas por Natoniel estão materiais
genéticos desenvolvidos pela Embrapa e adaptados às condições do Semiárido,
como as variedades de milho Gorutuba e Caatingueiro, o uso de inoculantes com
bactérias diazotróficas que dão maior resistência às plantas nessas condições,
técnicas de manejo adequado das culturas e sugestões de diversificação da
produção com fruteiras resistentes à seca, como o umbuzeiro e forrageiras e
leguminosas que podem servir de alimento para os animais, como o sorgo e a
gliricídia. O pesquisador defendeu medidas de natureza não emergencial, mas
estruturantes e duradouras. “Num período de seca severa como estamos
atravessando agora, não há muito o que se fazer a não ser se preparar para o
longo prazo, com implementação de práticas que se tornem de fato políticas de
Estado”, defendeu.
Após a palestra, os participantes da audiência puderam
compartilhar suas opiniões e sugestões para soluções e medidas de enfrentamento
à seca. A ideia é que as representações das instituições federais em Sergipe,
como a Universidade e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Sergipe, a Conab BA/SE, Embrapa, ministérios, Incra e outros unam forças com os
agentes públicos e produtores do estado para agir com rapidez e implantar
soluções viáveis e efetivas.
Para o deputado João Daniel, esse é um tema muito importante
para a região Nordeste do Brasil e especialmente para Sergipe. “O mundo inteiro
vive esse problema e temos que nos preparar porque as consequências são muito
graves, e já estão diante de nós”, declarou.
Fonte: Gazzeta/ Blog
do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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