Empresário e advogada são suspeitos de aplicar golpe de R$
3,5 mi na NNex.
Operação Binário Perfeito cumpriu mandados em três cidades
do estado.
Quase todo o montante de R$ 3,5 milhões, dinheiro
supostamente desviado da NNex, já foi bloqueado das contas do casal suspeito de
aplicar golpes contra a empresa. A informação foi confirmada ao G1 pelo
advogado André Dantas de Araújo, que defende a empresa de marketing multinível.
Os suspeitos dos golpes são o empresário Tarcísio Nóbrega de Mello Júnior e a
mulher dele, a advogada Rafaela Pereira Gurgel Silva de Mello. Ambos foram
presos na noite desta segunda-feira (14) na cidade de Currais Novos, na região
Seridó do Rio Grande do Norte, durante a operação Binário Perfeito – uma alusão
à linguagem de codificação da internet.
A Polícia Civil, sob o comando do delegado Júlio César
Costa, titular da Delegacia Especializada em Defraudações e Falsificações, deu
prosseguimento à operação nas primeiras horas da manhã desta terça (15) e
também cumpriu mandados de busca e apreensão em Caicó, que fica na mesma
região, e em Natal. Computadores e uma vasta documentação foram recolhidos. O
casal se negou a dar declarações.
“Do valor desviado, estes R$ 3,5 milhões, quase tudo já foi bloqueado pela
justiça”, afirmou André Dantas de Araújo, confirmando que foi a própria NNex,
há cerca de dois meses, quem fez a denúncia contra o casal. O empresário e a
advogado, ainda de acordo com o delegado, são proprietários da Veloz-Net.com,
especializada em serviços de provimento de acesso à internet na cidade de
Caicó. "Ambos responderão por estelionato e, eventualmente, lavagem de
dinheiro", acrescentou Júlio Costa.
A operação
A operação Binário Perfeito foi deflagrada na noite desta
segunda (14), em Currais Novos, onde o casal Tarcísio Nóbrega de Mello Júnior e
Rafaela Pereira Gurgel Silva de Mello foram presos. Eles são suspeitos, segundo
o delegado Júlio César Costa, de aplicar golpes que podem ter causado um
prejuízo, em dois meses, de aproximadamente R$ 3,5 milhões na empresa de
marketing multinível NNex, que possui sede em Belo Horizonte, Minas Gerais. Os
mandados de prisão foram expedidos pelo juiz Luiz Cândido Villaça, da comarca
de Caicó.
Na manhã desta terça (15), policiais cumpriram mandados de
busca e apreensão em Caicó e em Natal. Na capital, as buscas foram realizadas
em uma residência no bairro de Neópolis, que pertence ao casal. Ainda segundo o
delegado, os suspeitos modificaram informações existentes no banco de dados da
empresa e transformaram taxas cobradas por atividades digitais em créditos
vultosos, cujas transferências bancárias foram concretizadas até o dia 15 de
agosto deste ano, quando a empresa descobriu as fraudes devido à considerável
movimentação financeira. Além do casal, outros empreendedores digitais também
teriam obtido vantagens patrimoniais ilícitas após adulterarem o banco de dados
da empresa por meio de três fraudes cometidas pela rede internet.
O G1 teve acesso exclusivo ao inquérito instaurado pelo
delegado. Nele, as investigações apontam como ocorreriam as fraudes. Na
primeira, consta que os suspeitos utilizaram meios fraudulentos para enviar
tickets eletrônicos - chamados e-vouchers vip - para a divisão de lucros da
empresa, “gerando créditos ilegais exorbitantes no banco virtual (sistema de
gerenciamento dos ganhos pecuniários e transferências bancárias), que foram
transferidos para as suas contas bancárias cadastradas no sistema”. Nesta
modalidade, a NNex constatou fraudes em aproximadamente 700 logins de
empreendedores digitais, dentre eles 23 logins que se reportam ao nome da
Veloz-Net.com. Ainda segundo levantamento apresentado pela NNEx, a fraude gerou
um prejuízo financeiro em torno de R$ 500 mil.
Na segunda fraude, a investigação aponta que o casal
modificou o banco de dados da NNex, alterando uma taxa cobrada à título de
encargos de transferência bancária, que é de R$ 5,90, para importâncias
vultosas, cuja materialidade do crime encontra-se firmada por meio dos espelhos
dos extratos financeiros extraídos do banco virtual do sistema da empresa, como
também por meio dos comprovantes de depósitos. “Aqui, as fraudes feitas no back
office dos empreendedores totalizam a impressionante marca de aproximadamente
R$ 2 milhões, deixando claro que Tarcísio Nóbrega de Mello Júnior e Rafaela
Pereira Gurgel Silva de Mello foram os mentores e os grandes beneficiados pelos
golpes consumados no sistema de automação da empresa”, afirmou o delegado.
Já na terceira e última modalidade, o delegado Júlio Costa
relatou que foram feitas transferências de titularidade dos logins de diversos
empreendedores afiliados, “quando os golpistas alteraram substancialmente o
valor da taxa cobrada pela empresa, gerando créditos no banco virtual que
gerencia as bonificações por eles recebidas, transferindo os valores para as
contas bancárias cadastradas no sistema a exemplo do que ocorreu na segunda
modalidade de fraude. Esta fraude gerou um prejuízo de aproximadamente R$ 1
milhão, mas a empresa ainda não apresentou a documentação comprobatória desta
espécie criminosa”, detalhou.
NNex
O gerente operacional da NNex, Eugênio Pachelle Costa,
declarou à polícia que foram realizadas 123 mudanças fraudulentas de
titularidade de logins de empreendedores, “tendo os CPFs do casal investigado
registrados como destinatários dos créditos gerados pelos logins de origem,
quando os indigitados modificavam o custo pela geração da mudança de
titularidade (R$ 50) em créditos vultosos”.
Ainda de acordo com o gerente, a NNex desenvolve atividade
econômica de venda direta de produtos e serviços e a prestação de serviços de
divulgação, publicidade e comunicação na internet, remunerando a pessoa que se
afilia à empresa (conhecida como empreendedor digital) por meio de tickets
eletrônicos chamados e-vouchers vip e e-vouchers express. Os primeiros são
usados apenas como cupons-descontos junto à rede parceira. Os outros podem,
também, ser enviados para a divisão de lucros da empresa, advindo daí uma das
formas de remuneração pecuniária do afiliado.
Fonte: G1 RN
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