Após uma manhã bastante movimentada, com a presença do
Governador Eduardo Campos e o anúncio de um novo FEM para os municípios
Pernambucanos, a tarde foi dedicada ao aprofundamento do debate sobre as novas
relações federativas entre União, Estados e Municípios.
A mesa foi coordenada pelo Presidente da AMUPE e Prefeito de
Afogados da Ingazeira, José Patriota, e contou com apresentações de Eduardo
Stranz – representante do Presidente da CNM, Paulo Ziulkovski; Tadeu Alencar,
Secretário Estadual da Casa Civil; e do Senador Armando Monteiro.
A Confederação Nacional dos Municípios apresentou a pauta
reivindicatória do municipalismo brasileiro. A principal, o reajuste do FPM em
2%. O assunto está sendo tratado pelos Projetos de Emenda à Constituição de
números 39, no Senado, e de 341, na Câmara dos Deputados. Se aprovada, vai
representar mais 7,3 bilhões para investimentos das Prefeituras. Só em
Pernambuco, representaria 305 milhões a mais, por mês, na receita dos
municípios.
Segundo Eduardo Stranz, outra reivindicação é que a cobrança
de ISS sobre serviços de leasing e operações com cartões de crédito sejam
feitas nos municípios onde estiverem sendo efetuadas as transações e não mais
nos municípios de origem das operadoras. A CNM estima que nos últimos cinco
anos, com a desoneração do IPI praticada pela União, os municípios
pernambucanos perderam 505 milhões de Reais em receitas.
Em sua fala, o Secretário Estadual da Casa Civil, Tadeu
Alencar, chamou o atual pacto de “Federalismo de pires na mão”, elogiou a
condução do Presidente da AMUPE, José Patriota. “Tem força, coragem e
capacidade de gestão,” completou Tadeu. Segundo ele, as distorções do atual
pacto federativo tem colocado os municípios de joelhos. Destacou a pior
estiagem das últimas décadas como agravante. “A sociedade já não suporta um
Brasil oficial que dá as costas para o Brasil real,” afirmou Tadeu, citando o
projeto “Ganhando o mundo”, de iniciativa do Governo do Estado, que promove
intercâmbio internacional para jovens da escola pública, como uma boa prática
de gestão. Fez um balanço das ações do Governo do Estado no atendimento aos
municípios, sobretudo a amplitude das ações e obras que poderão ser executadas
pelos municípios com os recursos do FEM.
O Senador Armando Monteiro Neto fez um resgate da história
do federalismo no Brasil, marcada, segundo ele, por avanços e retrocessos. “A
centralização das receitas nas mãos da união foi um movimento iniciado após a
revolução de 30. O reconhecimento dos municípios como ente federativo veio em
1988, com a constituinte cidadã.”
Segundo Armando, a insustentabilidade desse modelo
federativo não pode ser creditado a um governo episodicamente. Deve ser discutido
onde estavam os parlamentares que não iniciaram esse debate anteriormente.
“Vamos aproveitar esse momento do debate eleitoral, que possam ir além do
discurso, para fazer uma pactuação ampla, entre os partidos políticos do
Brasil, no sentido de que todos possam assumir o compromisso de uma reforma
federativa, garantindo um regime de transição, rediscutindo tarefas, receitas,
competências,” finalizou Armando, se colocando à disposição para essa tarefa.
Ao final do debate, o Presidente da AMUPE, José
Patriota, apresentou as premiações para os municípios que apresentarem as
melhores práticas de gestão inovadoras. Os três primeiros lugares receberão,
respectivamente, um veículo tipo VAN, um projeto de pavimentação e um sistema
simplificado de abastecimento de água.
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