Produzir na agricultura familiar foi por muito tempo um
grande desafio para as famílias do Semiárido, uma realidade que tem mudado
significativamente a partir do trabalho de assessoria técnica realizado pelas
organizações que compõem a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e implantação
de tecnologias de incentivo à produção do Programa Uma Terra e Duas Águas
(P1+2), que é uma das ações do Programa de Formação e Mobilização Social para
Convivência com o Semiárido da ASA.
O objetivo do programa é fomentar a construção de processos
participativos de desenvolvimento rural no Semiárido brasileiro e promover a soberania,
a segurança alimentar e nutricional e a geração de emprego e renda às famílias
agricultoras, através do acesso e manejo sustentáveis da terra e da água para
produção de alimentos.
Para receber uma das tecnologias do programa, que consistem
em cisterna calçadão, cisterna de enxurrada, barreiro de trincheira e barragem
subterrânea é necessário que a família já tenha uma cisterna de placa de 16 mil
litros do Programa Um Milhão de Cisternas, a chamada primeira água, que é
captada diretamente no telhado das residências e destinada para o consumo
humano.
Uma das organizações responsáveis pela execução do programa,
a Casa da Mulher do Nordeste está concluindo a construção de 288 tecnologias
nos municípios de São José do Egito, Tabira e Solidão, Sertão de
Pernambuco. “As tecnologias representam
a garantia de que as famílias terão água para produzir por mais tempo,
proporcionando-lhes alimentos saudáveis e geração de renda, por isso é
importante que os beneficiários e beneficiárias contribuam com o processo de
implantação das mesmas”, afirmou Roseane Simões, técnica da CMN e atual
responsável pelo programa, durante o Encontro Territorial de Avaliação que
aconteceu na última quinta-feira (27) no Centro Tecnológico de São José do
Egito.
O encontro começou com um café da manhã e apresentação da
equipe CMN, em seguida apresentação das ações realizadas nos três municípios e
depoimentos dos agricultores Ivan Monteiro, da comunidade Bonsucesso, Ingazeira
e Helena Moisés, do Assentamento Lagoa D’Outra Banda, São José do Egito. Eles
são exemplos de convivência com o Semiárido e falaram da importância da água
para a produção orgânica e criação de animais. Ivan relata o trabalho em
família que desenvolve numa área de aproximadamente seis hectares.
“A gente abraçou a produção orgânica porque é em
concordância com a natureza, gera renda e não destrói o ar nem a terra, já que
trabalhamos com um sistema de produção sustentável que economiza água e não
precisa de agrotóxicos. Temos várias tecnologias, barragem subterrânea, caixa
d’água, poços, criação de abelhas nativas, viveiro de mudas, beneficiamento de
frutas, sistema de gotejamento e sistema protegido que evita pragas. Tudo em
concordância com o meio ambiente”, disse.
Em Açude da Porta, São José do Egito, a agricultora Elza
Maria foi uma das incentivadoras das famílias a receberem as tecnologias e
participarem do processo de formação. Ela está ansiosa para começar a usufruir
sua segunda água. “O encontro foi muito
importante porque cada um(a) pôde expressar
o que pensa do projeto e o que pretende fazer com as tecnologias e,
assim, a tendência é só melhorar. Quando meu barreiro encher vou plantar
canteiros e criar galinhas em consórcio para melhorar minha renda”, afirmou.
À tarde o momento foi de avaliação das tecnologias
recebidas, gestão da Casa da Mulher do Nordeste, apoio recebido pela
instituição nos municípios trabalhados, apresentação em plenária das avaliações
e, por último, apresentação cultural com o artista paraibano Jackson Monteiro.
Tecnologias implantadas pela CMN
São José do Egito: Calçadão (49), Cisterna de Enxurrada
(32), Barreiro de Trincheira (15);
Tabira: Cisterna Calçadão (47), Cisterna de Enxurrada (29),
Barreiro de Trincheira (18) e Barragem Subterrânea (02);
Solidão: Cisterna Calçadão (48), Cisterna de Enxurrada (32),
Barreiro de Trincheira (14) e Barragem Subterrânea (02).
Caráter Produtivo
Além das referidas tecnologias, cada família recebe um kit
de caráter produtivo (infraestrutura para a criação de galinhas, ovinos ou
produção de hortas) e infraestrutura para a construção de dois canteiros
econômicos.
Fonte: Assessoria de Comunicação da Casa da Mulher do
Nordeste
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