Paiva Netto
A Prece — Aos que
também carpem as muitas lutas diárias, consagro esta conversa com Aquele que
nos pode ouvir, mesmo quando arrogantes e pretensiosos:
Ó Deus, que sois o meu refúgio, a Vós, outra vez, ergo o meu
pensamento e encontro resposta aos meus propósitos, amparo aos mais desafiantes
projetos, porque jamais prostrarei a Vossa Bandeira, que preconiza: “(...) Paz
na Terra aos de Boa Vontade” (Evangelho do Cristo, segundo Lucas, 2:14).
Longe de mim as cassandras do desânimo, que proclamam um
Juízo Final sem remissão, quando sois Vós — em tudo — o Princípio Eterno da
permanência pujante de vida. De Vós não escuto o abismo; todavia deslumbro a
redenção.
Creio no Amor Universal, que conduz à sobrevivência o gênero
humano, que é teimoso em subsistir, apesar das muitas ciladas que lhe são
dispostas no caminho.
Esta é a minha Fé Realizante, que vive em Paz com as outras;
o meu ideal ecumênico de Boa Vontade, que se esforça pela confraternização de
todas as nações, por serem formadas por criaturas Vossas, ó Criador Único de
Céus e Terra! Sois a Fraternidade Suprema, o abrigo dos corações. (...)
Achei-me a mim porque me identifiquei no Vosso Amor. Sois o auxílio conclusivo
à minha Alma.
Sinto o meu ser transbordar de alegria. Em Vosso Espírito,
reconheço-me como irmão dos meus irmãos em humanidade. Nesse Éden, que é o
Vosso Sublime Afeto, não me vejo como expatriado, abatido pelas procelas do
desalento, distante dos entes mais queridos. Enfim me encontrei, ó Deus!,
porque Vos encontrei.
Vós me esperáveis, há tanto tempo, e eu não sabia. Portanto,
meu coração não mais vaga sem paradeiro: no Vosso Divino Seio, achei guarida;
sob Vosso Amor, meu seguro teto; no Vosso Colo, descanso para a Alma.
Graças Vos dou, Pai Magnânimo, por me ouvirdes!
Hoje, compreendo que sois integralmente Amor; portanto,
Caridade, Mãe e Pai da verdadeira Justiça.
Em Vós habita, com fartura, a genialidade pela qual tantos
demandam, pois dela o planeta carece: a Vossa Majestosa Luz, que desce a nós
indistintamente, mesmo que não o percebamos.
Confiante em Vosso Critério Sobrenatural, entrego-Vos meu
destino, porque a minha segurança de filho está na Vossa Sabedoria de Pai!
Que assim seja!
Desta forma conclui a sentida prece. Nada melhor que falar
com Deus, sobretudo nas horas em que espiritualmente nos devemos fortalecer,
que afinal são todas elas. Quem não sofre neste orbe ou padece da privação de
alguma coisa que as satisfações terrenas mais sofisticadas não suprem a falta?
Busquemos na Fé a Esperança de que necessitamos para nossa sustentação física,
mental e espiritual. Que Fé? Escolha a sua.
Ao terminar a minha oração, sentia em mim o bafejo da
clemência de nosso Amabilíssimo Educador.
O notável cientista francês Alexis Carrel (1873-1944),
Prêmio Nobel de Medicina em 1912, após exaustivo estudo, definiu: “A oração
verdadeira é um caminho da vida; a vida verdadeira deve ser um meio de oração”.
Está certo o sábio Carrel. Qualquer libertação — que não
faça do ser humano escravo — tem início na região do Espírito. Portanto, não
haverá brado de Independência definitivo se, pela indispensável educação da
mente e do coração, for, no Terceiro Milênio, esquecido que não há nação forte
se os seus componentes não souberem o que fazem neste mundo. Voltaremos ao
assunto.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br —
www.boavontade.com
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