A expectativa é que o IPCA (inflação oficial) fique abaixo
de 3% em 2017 e em 4% no ano que vem.
O consumidor residencial brasileiro terá de lidar com dois
anos de reajustes na energia bem acima da inflação. As causas são um regime de
chuvas insuficiente para compensar períodos de seca e o aumento dos encargos
sociais. Na média, as tarifas devem fechar o ano com alta de 14% e subir 9,4%
em 2018. A expectativa é que o IPCA (inflação oficial) fique abaixo de 3% em
2017 e em 4% no ano que vem.
Em algumas regiões, as tarifas podem pesar ainda mais no
bolso, segundo levantamento da consultoria especializada TR Soluções. Na média,
a maior alta deve ser registrada na região Sul (+10,7%), seguida pelo Sudeste
(+9,3%). Em São Paulo, por exemplo, a conta de luz deve fechar este ano 7% mais
cara e subir outros 9,1% em 2018.
A energia elétrica deve também ter um efeito não desprezível
de 0,4 ponto percentual sobre a inflação medida pelo IPCA do ano que vem. A
previsão da TR inclui algumas premissas: as diferentes bandeiras esperadas ao
longo do ano, os reajustes previstos para as principais distribuidoras e o
regime de chuvas para o período.
As projeções são feitas para 13 regiões metropolitanas
usadas como referência e que espelham o que ocorre no país. De janeiro a abril
-o período considerado chuvoso-, as principais hidrelétricas brasileiras devem
gerar em média o equivalente a 85% da energia que vendem, de acordo com a TR.
Isso significa dizer que, se as chuvas não ajudarem e as
geradoras produzirem algo abaixo disso, as tarifas poderão subir ainda mais.
Além do regime de chuvas, os encargos incluídos na tarifa também explicam as
previsões pouco animadoras.
A conta que inclui todas as políticas públicas ligadas ao
setor, como o programa Luz para Todos e a tarifa social de energia -chamada de
CDE-, deve passar de R$ 9,3 bilhões neste ano para R$ 12,6 bilhões em 2018.
Quem paga a fatura -o tema está em audiência pública na Aneel, a agência
reguladora- é o consumidor.
Embora concordem que o quadro é dramático, analistas
descartam ameaça de racionamento. Eles dizem que a usina de Belo Monte já opera
em ritmo razoável e que o país dispõe de outras fontes de energia. Uma delas, a
energia térmica, mais cara, está entre as justificativas para o encarecimento
da conta.
Outros riscos
O crescimento econômico é outro ponto de atenção para os
especialistas. O consumo total de energia do país está em nível próximo ao
registrado em 2014, e o setor se questiona como a demanda deve se comportar em
um ambiente de retomada da economia -e seu impacto na tarifa, já que a procura
maior por energia a encarece. A consultoria GV Energy, por exemplo, prevê que a
tarifa média de energia suba ao redor de 12% no ano que vem, diante de um
volume de chuvas que deve se situar entre 90% e 100% da média histórica até o
fim de abril.
Pedro Machado, diretor da GV Energy, diz que o viés é de
alta se o crescimento econômico superar 2,6%. A mediana dos economistas
consultados pelo Boletim Focus, do Banco Central, já espera alta de 2,7% para o
PIB do ano que vem. Edvaldo Santana, presidente da Abrace, associação dos
grandes consumidores de energia, também se preocupa com o efeito de um possível
aumento do consumo de energia sobre preços, em especial para a indústria.
Os principais reservatórios no Nordeste e no Sudeste,
ressalta Santana, estão nos níveis mais baixos da história. Segundo ele, se
chover próximo à média de longo prazo, o reajuste pode ficar mais perto de 20%.
Para afastar esse cenário, seria preciso chover de 30% a 40% acima da média.
Júlio Mereb, pesquisador do Ibre/FGV, diz que tarifas mais
altas podem se refletir em queda da produção da indústria, além de impactar de
alguma forma o consumo das famílias no PIB, embora isso seja difícil de mensurar.
Ele diz que é possível um reajuste da tarifa residencial de até 15% no ano que
vem.
Fonte: www.folhape.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo comentário.