02/06/2023

HIGH LEVEL SEMINAR PROMOVEU DISCUSSÃO INTERNACIONAL SOBRE DESAFIOS ESTRUTURAIS DOS BCS PARA A CONDUÇÃO DE POLÍTICA MONETÁRIA


Evento reuniu presidentes e ex-presidentes de alguns dos maiores bancos centrais do mundo; seminário está disponível na íntegra no Canal do BC no YouTube

O Banco Central do Brasil reuniu presidentes e ex-presidentes de alguns dos maiores bancos centrais no mundo para discutir política monetária no evento “High-Level Seminar on Central Banking: Past and Present Challenges”, realizado em 19 de maio, em São Paulo.

O seminário foi iniciado pela Diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central do Brasil, Fernanda Guardado, que ressaltou “a importância da cooperação e do compartilhamento de melhores práticas dentro da comunidade de bancos centrais, sendo o evento organizado pelo BC uma oportunidade de demonstrar isso para um público mais amplo”.

Em seguida, Fernando Haddad, Ministro da Fazenda, discorreu sobre a importância de harmonizar as políticas monetária e fiscal, num cenário de autonomia do Banco Central do Brasil. “A economia tem que ser gerida pensando no bem-estar das pessoas. Nós temos que servir à nossa gente e promover desenvolvimento com justiça social.”

O ministro também considerou que o País tem todas as condições de, em poucos meses, criar um ciclo de desenvolvimento econômico. “O Brasil tem a obrigação de perseguir taxas de crescimento acima da média mundial, dado seu potencial em relação a recursos naturais, em relação a recursos humanos, em relação à tecnologia desenvolvida em âmbito nacional. Nós entendemos que o Brasil tem tudo, em um ambiente adverso, para sair na frente no próximo ciclo de expansão”, afirma.

A palestra magna, com o tema Confiança e políticas públicas, foi proferida por Agustín Carstens, Diretor Geral do Bank for International Settlements (BIS). “Com confiança, o público estará mais disposto a aceitar ações que envolvam custos de curto prazo em troca de benefícios de longo prazo. No extremo, se a confiança evaporar, desaparece a capacidade de fazer políticas públicas efetivas”, disse.

O Diretor Geral do BIS considerou apropriado que a maioria dos bancos centrais em todo o mundo esteja apertando a política monetária por meio de taxas de juros mais altas para restaurar a estabilidade de preços. “Essa forte resposta deve continuar enquanto for necessário, pois somente com determinação, perseverança e sucesso nessa tarefa a confiança no dinheiro pode ser preservada”, ponderou.

Nesse sentido, a autonomia dos bancos centrais tem tido um papel fundamental no caminho para a estabilidade de preços. “Mas autonomia não significa isolamento. Um diálogo pode e eu diria que deveria existir entre bancos centrais e Ministérios da Fazenda. As políticas monetária e fiscal estão inerentemente ligadas e, juntas, afetam as condições econômicas e financeiras e, portanto, o bem-estar das pessoas e os planos de investimento das empresas. A autonomia, na verdade, amplia o escopo para que esse diálogo ocorra.”

Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), discorreu sobre como os bancos centrais devem abordar o relacionamento entre a estabilidade de preços e a estabilidade financeira. Assim como para o Banco Central do Brasil, a principal atribuição de muitos bancos centrais é a estabilidade de preços. Segundo ela, choques como a invasão da Ucrânia, a pandemia e a crise energética na Europa fizeram com que a inflação anual na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) subisse a um nível nunca antes visto desde os anos 1980.

“Isso levou os bancos centrais a ajustarem seu curso apertando a política monetária de uma forma não vista em décadas. O Brasil foi um dos primeiros países a fazer isso”, afirmou.

Ainda do ponto de vista de política monetária, a estabilidade de preços deve permanecer essencial e não deve ser comprometida. “A instabilidade financeira traz um risco potencial, mas uma inflação muito alta acaba sendo uma realidade”, finalizou a presidente do BCE.

Sessões

O evento contou com duas sessões de debates: 1)Desafios estruturais: autonomia, arcabouços de política monetária e funções de reação e 2) Desafios pós-pandemia: inflação alta, endividamento elevado e estabilidade financeira.

A primeira teve moderação de Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central do Brasil e contou com a participação de Federico Sturzenegger, ex-presidente do Banco Central de la República Argentina, Juan José Echavarría, ex-presidente do Banco de la República (Colômbia), Mark Carney, ex-presidente do Bank of England (vídeo pré-gravado) e Raghuram Rajan, ex-presidente do Reserve Bank of India (videoconferência).

A segunda foi moderada por Roberto Campos Neto, Presidente do Banco Central do Brasil e teve como painelistas Christine Lagarde, Presidente do European Central Bank (vídeo pré-gravado), Julio Velarde, Presidente do Banco Central de Reserva del Perú, Leonardo Villar, Presidente do Banco de la República (Colômbia), Pablo Hernandez de Cos, Presidente do Banco de España, Rosanna Costa, Presidente do Banco Central de Chile (videoconferência) e Tiff Macklem, Presidente do Bank of Canada (videoconferência).

No encerramento, Roberto Campos Neto considerou a relevância da meta de inflação e a necessidade de trazer a inflação de volta para a meta, que é de 3,25% em 2023 e de 3% em 2024. “Afinal, combater a inflação tem um custo no curto prazo, mas não combatê-la tem um custo ainda maior no médio e longo prazos. Como disseram aqui meus colegas de bancos centrais de vários outros países, não podemos desistir no meio do caminho", finalizou.

O evento completo está disponível na página do Banco Central do Brasil no YouTube nas versões em português e inglês. 

Fonte: Site Banco Central do Brasil

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