Documentos que ajudam a contar a história do Estado de
Pernambuco serão digitalizados e ficarão disponíveis para consulta de
pesquisadores e do público em geral por meio digital. Em compromisso com a
preservação do patrimônio do estado, a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe),
e o Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano (Ajepe), assinaram um acordo de cooperação para iniciar a digitalização de registros que compõe o acervo estadual. No
início do mês de junho, a Cepe e o Ajepe tiveram a vinculação administrativa
transferida para a Secretaria de Comunicação. E incorporar o Arquivo Público à
Companhia foi um dos primeiros resultados desta mudança, facilitando a gestão
dos arquivos preservados.
Por meio de resolução publicada no Diario Oficial do Estado
desta sexta-feira (13), a Secretaria de Comunicação autorizou o início da transição
do acervo do Ajepe, localizado em prédio tombado no bairro de Santo Antônio,
para as dependências da Cepe, que fica no bairro de Santo Amaro. Os documentos
já estão sendo catalogados e separados para serem transferidos. Atualmente, a
consulta aos documentos resguardados pelo Arquivo Público precisa ser agendada
e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Com a modernização do
catálogo virtual, será possível acessar documentos, mapas, jornais, livros e
manuscritos que são parte da memória da sociedade pernambucana.
O historiador Roberto Moura, servidor do Ajepe desde 2013,
está responsável por catalogar os arquivos da hemeroteca, que concentra a
coleção de jornais e revistas. Ele comenta que a consulta física exige um
manuseio delicado por parte de quem consulta. "A hemeroteca do Ajepe está
entre as maiores da América Latina. Aqui temos jornais produzidos em
Pernambuco, em todos os estados do Brasil e até de outros países. Estamos
catalogando e separando jornais do século 19, que ainda não foram digitalizados
e serão enviados à Cepe. A digitalização desse material é muito importante
porque a consulta física ao material pode provocar danos e até perda de
fragmentos que ajudam a contar parte da nossa história", disse.
Arquivos raríssimos, como a primeira edição do jornal Aurora
Pernambucana, primeiro periódico publicado no estado e o terceiro lançado em
todo o país, datado de 1821; a edição do Jornal JP, de 1907, primeiro a trazer
escrita em um impresso a palavra "frevo"; além de escritos de Ordens Régias
(1534-1835), e correspondências para a Corte (1784-1834), ficarão disponíveis,
facilitando o trabalho de pesquisa e democratizando o acesso à informação.
"Esse convênio demonstra o nosso compromisso em
salvaguardar o patrimônio histórico do estado. A partir da digitalização desses
documentos, o acesso a uma importante parte da história de Pernambuco se torna
universalizado, facilitando a consulta por toda a população ", afirmou o
secretário de Comunicação, Rodolfo Costa Pinto.
Há mais de 10 anos trabalhando no Ajepe, o coordenador de
acervos físicos Wilton Barbosa comenta que a mudança irá contribuir para a
integridade de todo o material. "Por se tratar de documentos que
atravessaram séculos, existe a preocupação quanto a integridade das fibras do papel.
Mesmo com os cuidados na guarda e no manuseio, há um desgaste inevitável quando
ocorre a consulta física. E a digitalização vai evitar esse desgaste porque
minimiza a exposição direta do documento", pontuou.
A Cepe ficará responsável pela gestão, guarda e
digitalização dos documentos. Todo o processo envolve pessoal especializado das
duas entidades e leva em conta fatores administrativos e legais. Após esse
período, os arquivos poderão ser consultados nas plataformas digitais do
Governo, do Ajepe e da Cepe, dentro dos critérios que atenda às leis
específicas de proteção e de direito à informação.
De acordo com o presidente da Companhia, João Freire, esses
arquivos históricos ficarão disponíveis para consulta online dentro dos
próximos três anos. "Uma sala já está preparada na Cepe para fazer a
transição dos primeiros documentos, que são os históricos mais importantes.
Vamos começar pelo acervo de Pereira da Costa, que, inclusive completou 100
anos de sua morte em junho. A Cepe já faz gestão, digitalização e arquivamento
de vários acervos. Nossa ideia é entregar toda uma nova estrutura do arquivo
digitalizado, guardado e com acesso à pesquisa até 2025", disse.
Para o diretor do Arquivo Público, Sidney Rocha, esse
convênio é resultado de uma gestão documental moderna. "Os ganhos para a
administração pública e a memória de Pernambuco são imensos. Só fortalece nosso
dever de garantir a proteção dos acervos e o direito à informação. Arquivos
históricos são partes vitais da memória coletiva e a identidade de um país.
Estamos falando de documentos originais, manuscritos, fotografias, periódicos,
obras de arte e muitos outros registros e linguagens vitais para a pesquisa e o
aprendizado. Estamos falando em geração de conhecimento que gera mais
conhecimento", comentou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo comentário.