O desenvolvimento da região
Nordeste passa pela transição energética. O setor foi citado por todos os
governadores e representantes de estados da região durante evento realizado
nesta quarta-feira (26/7), em Brasília, que reuniu o governo federal e o
Consórcio Nordeste para debater “Desenvolvimento Econômico – Perspectivas e
Desafios da Região Nordeste”.
“O Nordeste é hoje o grande polo
de desenvolvimento da energia solar, eólica, limpa, renovável”, disse o
vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
(MDIC), Geraldo Alckmin, ao abrir o encontro. Ele ressaltou que o
desenvolvimento da região é prioridade do governo federal e destacou a
importância da abordagem regional e federativa para o desenvolvimento.
"A melhor maneira de
promover o desenvolvimento e ter boas políticas públicas é através da parceria
entre os entes federados: o governo federal, os estados e os municípios. Cada
estado tem a sua singularidade, características próprias, vocação própria. Mas
tem muitos temas que são regionais: questão ambiental, transição energética”,
ressaltou Alckmin ao listar potenciais da região, como o programa de cisternas
e a transposição do Rio São Francisco. "Essa abordagem regional e
federativa é extremamente importante”, afirmou o ministro e vice-presidente.
Investimento
Durante o evento, o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Nordeste (BNB)
e Fundação Banco do Brasil (FBB) anunciaram R$ 50 milhões para ações de
desenvolvimento sustentável na região.
O BNDES e o FBB firmaram um
aditivo de R$ 40 milhões (R$ 20 milhões de cada instituição) para construção de
1.400 cisternas de produção no Semiárido, visando segurança alimentar e
inclusão produtiva de famílias de baixa rendam, que receberão acompanhamento
técnico e um conjunto de insumos, como sementes e mudas, para produção
sustentável.
Além disso, BNDES e BNB
estabeleceram um acordo de cooperação técnica para redução de desigualdades de
renda e apoio à agricultura familiar na região, além de apoio ao fomento
estruturado dos municípios.
Por fim, através da iniciativa
Floresta Viva, BNDES e BNB irão destinar R$ 10 milhões (R$ 5 milhões cada) para
projetos de reflorestamento de espécies nativas, especialmente na
Caatinga. “Temos certeza que somando
nossos esforços vamos conseguir fazer muito mais juntos”, frisou a diretora
Socioambiental do BNDES, Tereza Campello.
O evento do governo federal com o
Consórcio Nordeste teve o objetivo de fomentar o debate em torno de um plano
estratégico de desenvolvimento do Nordeste diante das novas oportunidades
oriundas da economia e indústria verde e os problemas estruturais
historicamente acumulados.
Além de Alckmin, participaram os
ministros da Casa Civil, Rui Costa; do Desenvolvimento e Assistência Social,
Família e Combate à Fome, Wellington Dias; e do Desenvolvimento Regional,
Waldez Góes. Do lado do Consórcio, participaram os governadores do Ceará,
Elmano de Freitas; de Pernambuco, Raquel Lyra; e do Maranhão, Carlos Brandão; o
vice-governador da Bahia, Geraldo Júnior; e representantes da Paraíba, Piauí,
Rio Grande do Norte, Sergipe e Alagoas. Instituições que apoiam o
desenvolvimento regional, como Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Banco do Nordeste, Banco do Brasil e Sebrae, também estiveram
presentes.
Transição energética
Em sua fala, o governador do
Ceará, Elmano de Freitas, agradeceu a oportunidade de o Consórcio debater com o
governo federal os desafios e as potencialidades para a atual e as próximas
gerações.
“Estamos em um momento de grandes
possibilidades de transformações econômicas e sociais, que exigem ações
integradas com o governo federal”. O governador listou uma série de setores que
demandam parcerias com o governo federal, com destaque para a energia verde.
"O tema da energia é
absolutamente decisivo para que nós possamos aproveitar esta transição
energética, para fazer a produção de energia renovável. Mas queremos mais que
isso. O que nós imaginamos é que vamos ter uma política nacional, integrando os
estados do Nordeste. Alguns temas são, inclusive, nacionais, para que nós
possamos ter uma nova industrialização no país com base de uma matriz energética
limpa”, ressaltou Freitas.
Desenvolvimento regional
O governador do Maranhão, Carlos
Brandão, reiterou a aptidão do Nordeste para a geração de energias renováveis.
Ele destacou, ainda, a relação do novo governo com outros países para a atração
de investimento. “Já vemos empresários querendo investir. O Brasil é outro
país, está aberto a investimento. Nós precisamos desse investimento para
aquecer a economia, gerar emprego e aumentar a renda”, afirmou.
Já a governadora de Pernambuco,
Raquel Lyra, destacou quatro setores que podem ter uma ação mais estratégica do
governo federal: ferrovia transnordestina, saúde pública, segurança pública e o
desenvolvimento do semiárido.
A região da Caatinga também foi
destacada pelo vice-governador da Bahia. Geraldo Júnior. Ele ressaltou a
importância da criação de políticas públicas para recuperação do bioma e
inclusão social da população do semiárido brasileiro.
Financiamento
Durante a mesa Financiamento para
o Desenvolvimento, o BNDES anunciou R$ 50 milhões para o desenvolvimento
sustentável do Nordeste. O BNDES e o Fundação Banco do Brasil (FBB) firmaram um
aditivo de R$ 40 milhões (R$ 20 milhões de cada instituição) para construção de
1.400 cisternas de produção no Semiárido, visando segurança alimentar e
inclusão produtiva de famílias de baixa rendam, que receberão acompanhamento
técnico e um conjunto de insumos, como sementes e mudas, para produção
sustentável.
Além disso, BNDES e Banco do
Nordeste (BNB) estabeleceram um acordo de cooperação técnica para redução de
desigualdades de renda e apoio à agricultura familiar na região, além de apoio
ao fomento estruturado dos municípios.
Por fim, através da iniciativa
Floresta Viva, BNDES e BNB irão destinar R$ 10 milhões (R$ 5 milhões cada) para
projetos de reflorestamento de espécies nativas, especialmente na Caatinga.
“Nós temos as nossas expertises,
as duas instituições financeiras, temos nossas vocações. Mas temos certeza que
somando nossos esforços vamos conseguir fazer muito mais juntos”, frisou a
diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello.
Neoindustrialização
Abrindo a mesa temática Desafios
para o Desenvolvimento do Nordeste, o secretário de Desenvolvimento Industrial,
Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira, falou sobre a
importância de fortalecer cadeias produtivas estratégicas para o desenvolvimento
do país e o atendimento das necessidades da população.
“O que norteia nosso projeto de
neoindustrialização é a possibilidade de salvar vidas, de beneficiar a
sociedade”, afirmou Uallace. “É um projeto assentado na inovação e na
sustentabilidade, olhando para uma indústria intensa em tecnologia, capaz de
gerar emprego e renda de alta qualificação”.
O secretário fez um balanço das
primeiras ações do Ministério, incluindo as que serão apresentadas nos próximos
meses, como a segunda fase do programa Rota 2030, com foco na descarbonização,
e o programa de depreciação acelerada para modernização do parque industrial
brasileiro.
Segundo ele, a transição
energética, aliada às condições naturais do Brasil, abre janelas de
oportunidades para uma inserção mais qualificada do país no mundo.
“Temos uma das matrizes
energéticas mais limpas do mundo. Não devemos aceitar que nos coloquem numa
posição subalterna no tema da transição energética. Pelo contrário, temos todas
as condições de liderar esse processo”.
A professora Tânia Bacelar,
especialista em desenvolvimento regional, lembrou que o Nordeste tem aumentado
sua participação relativa no parque industrial brasileiro, e que a região pode
ter protagonismo no projeto de neoindustrialização.
Um dos exemplos apontados por ela
foi o crescimento do setor automotivo na região, não só em número de fábricas,
mas também em inovação tecnológica.
“O Nordeste está plantando a
semente do setor automotivo do futuro. O primeiro carro elétrico produzido no
Brasil vai ser nordestino. Isso é uma mudança muito significativa”, afirmou, em
referência à chinesa BYD, que está montando uma fábrica de carros elétricos na
Bahia.
Ela também chamou a atenção para
o potencial energético da região. “O Nordeste pode ser exportador de energia,
não como commodities, mas aproveitando esse potencial para que a cadeia
produtiva industrial venha junto”.
Foto: Cadu Gomes/VPR
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