22/11/2013

CRÔNICA DA SEMANA: O NOME DA AMIZADE

Abrahão Filho
Estive pensando no que seria a amizade, que sentimento é esse? Onde a gente encontra? Bom, as perguntas surgidas foram muitas, e as respostas, bem poucas. No entanto, não desisti tão fácil dessa minha busca, e mesmo sabendo das dificuldades, decidi seguir adiante.

A primeira coisa que descobri foi que era necessário voltar ao passado, analisar o presente, e imaginar um possível futuro, pensando nas pessoas que desejaria ter ao meu lado pra sempre.

Na minha viagem ao passado, observei cada momento vivido, selecionei as cenas de forma organizada, primeiro vi as alegres, muita gente estava comigo, o sorriso estampado em cada rosto me fez ver como aquelas pessoas foram especiais na minha vida, quanta alegria me proporcionaram, quantos momentos de partilha.

Depois analisei alguns momentos tristes, e ai tive uma grande surpresa, as pessoas já não eram tantas; procurei rostos muito conhecidos, encontrei tão poucos. Quantas palavras esperei ouvir, quantos abraços desejei receber, quantos olhares quis ter visto, enfim, quantas lágrimas derramadas no silêncio da noite.

Foi então que decidi fazer uma conta, contei os meus amigos; surpreendi-me mais ainda; pude contá-los nos dedos da mão, de uma mão. É verdade que o número foi bem pequeno, mais nessa hora meu coração exultou de alegria, pude perceber que sem eles eu não seria nada.

Lembrei-me de quando estava triste, e não quis demonstrar isso, foi inútil, ele percebeu, e me perguntou o que estava acontecendo. Lembrei-me de quando liguei só pra ouvir sua voz, e de quando com tanta saudade, chorei; lembrei de músicas que são a cara dele, de coisas que me traziam a sua lembrança.

De sonhos que partilhamos juntos, das perdas que já passamos. Pude ver também, que nas datas mais significativas de sua vida, eu estava lá, assim como ele estava nas minhas.  Descobri quem eram meus amigos verdadeiros, quando notei que ao contar as coisas não era necessário dizer, “não conta pra ninguém”, o amigo sabe o que é segredo. Mais ainda, percebi que algumas coisas nem precisavam ser ditas, o amigo sabe ouvir silêncio; quando mais precisei, ele me ligou, ou veio na minha casa, amigo sente quando a gente tá no sufoco.

Lembrei das vezes que sorri sozinho, lembrando das coisas que já vivenciamos juntos, lembrei das vezes que a sua simples lembrança me trouxe alegria, conforto, e vontade de viver, viver para estar ao seu lado, sonhando e realizando, caindo e levantando, chorando e sorrindo.

Enfim, percebi que tenho tantos colegas e tão poucos amigos, eles são poucos mesmo, mas são o suficiente para me fazer acreditar na vida, e para me fazer acreditar que em algum momento eu poderei até ficar só, mais sozinho jamais, pois onde há amizade, a tristeza não dura e o sofrimento é passageiro.

O tempo tem me mostrado isso. E pensa que já sei o que é amizade verdadeira? Ainda não descobri por completo, estou apenas no inicio. Mais já sei de uma coisa muito importante, sei que ela tem nome, tem endereço, vez por outra me liga e quando me encontra me abraça, nos entendemos no olhar, ou melhor, amizade não se entende, se sente, se vive. Engraçado é que posso ver nos teus olhos que sabes bem do que estou falando, e se sentes o que sinto agora, parabéns, pois também já provastes do seu doce sabor. Mais descobri que amizade tem até outro nome, sabe qual é? É exatamente este que veio a tua mente agora, é exatamente este que fez teu coração disparar e teu rosto se encher de alegria, é este nome que você lembra constantemente, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. É, parece que Amizade é substantivo próprio e ao mesmo tempo composto.


Por Abrahão Filho – Julho de 2012

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