Abrahão Filho
Estive pensando no que seria a amizade, que sentimento é
esse? Onde a gente encontra? Bom, as perguntas surgidas foram muitas, e as
respostas, bem poucas. No entanto, não desisti tão fácil dessa minha busca, e
mesmo sabendo das dificuldades, decidi seguir adiante.
A primeira coisa que descobri foi que era necessário voltar
ao passado, analisar o presente, e imaginar um possível futuro, pensando nas
pessoas que desejaria ter ao meu lado pra sempre.
Na minha viagem ao passado, observei cada momento vivido, selecionei
as cenas de forma organizada, primeiro vi as alegres, muita gente estava
comigo, o sorriso estampado em cada rosto me fez ver como aquelas pessoas foram
especiais na minha vida, quanta alegria me proporcionaram, quantos momentos de
partilha.
Depois analisei alguns momentos tristes, e ai tive uma
grande surpresa, as pessoas já não eram tantas; procurei rostos muito
conhecidos, encontrei tão poucos. Quantas palavras esperei ouvir, quantos
abraços desejei receber, quantos olhares quis ter visto, enfim, quantas
lágrimas derramadas no silêncio da noite.
Foi então que decidi fazer uma conta, contei os meus amigos;
surpreendi-me mais ainda; pude contá-los nos dedos da mão, de uma mão. É
verdade que o número foi bem pequeno, mais nessa hora meu coração exultou de
alegria, pude perceber que sem eles eu não seria nada.
Lembrei-me de quando estava triste, e não quis demonstrar
isso, foi inútil, ele percebeu, e me perguntou o que estava acontecendo.
Lembrei-me de quando liguei só pra ouvir sua voz, e de quando com tanta
saudade, chorei; lembrei de músicas que são a cara dele, de coisas que me
traziam a sua lembrança.
De sonhos que partilhamos juntos, das perdas que já
passamos. Pude ver também, que nas datas mais significativas de sua vida, eu
estava lá, assim como ele estava nas minhas.
Descobri quem eram meus amigos verdadeiros, quando notei que ao contar
as coisas não era necessário dizer, “não conta pra ninguém”, o amigo sabe o que
é segredo. Mais ainda, percebi que algumas coisas nem precisavam ser ditas, o
amigo sabe ouvir silêncio; quando mais precisei, ele me ligou, ou veio na minha
casa, amigo sente quando a gente tá no sufoco.
Lembrei das vezes que sorri sozinho, lembrando das coisas
que já vivenciamos juntos, lembrei das vezes que a sua simples lembrança me
trouxe alegria, conforto, e vontade de viver, viver para estar ao seu lado,
sonhando e realizando, caindo e levantando, chorando e sorrindo.
Enfim, percebi que tenho tantos colegas e tão poucos amigos,
eles são poucos mesmo, mas são o suficiente para me fazer acreditar na vida, e
para me fazer acreditar que em algum momento eu poderei até ficar só, mais
sozinho jamais, pois onde há amizade, a tristeza não dura e o sofrimento é
passageiro.
O tempo tem me mostrado isso. E pensa que já sei o que é
amizade verdadeira? Ainda não descobri por completo, estou apenas no inicio.
Mais já sei de uma coisa muito importante, sei que ela tem nome, tem endereço,
vez por outra me liga e quando me encontra me abraça, nos entendemos no olhar,
ou melhor, amizade não se entende, se sente, se vive. Engraçado é que posso ver
nos teus olhos que sabes bem do que estou falando, e se sentes o que sinto
agora, parabéns, pois também já provastes do seu doce sabor. Mais descobri que
amizade tem até outro nome, sabe qual é? É exatamente este que veio a tua mente
agora, é exatamente este que fez teu coração disparar e teu rosto se encher de
alegria, é este nome que você lembra constantemente, na alegria e na tristeza,
na saúde e na doença. É, parece que Amizade é substantivo próprio e ao mesmo
tempo composto.
Por
Abrahão Filho – Julho de 2012
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