Em entrevista ao Programa Fala Mulher da Casa da Mulher do
Nordeste, a Coordenadora Executiva da ASA-PE, Neilda Pereira, falou das
prioridades para 2014. Segundo ela, serão priorizados o Plano Estadual de
Convivência Com o Semiárido, o fortalecimento da agricultura familiar, o
retorno do debate de gênero, o marco regulatório das ONGs e o debate eleitoral.
Quais são as principais prioridades da ASA-PE para este ano
de 2014?
Neilda Pereira - 2014 é um ano que precisamos priorizar
algumas questões e aqui em Pernambuco, por exemplo, a política estadual de
convivência com o semiárido. As
conferências tiveram um papel importante, mas não significa que o processo está
dado. Precisamos de orçamentos para que essa politica se efetive de fato nos
municípios, porque é lá que os agricultores e as agricultoras estão e precisam
dessas ações para que no período da estiagem possam ter condições de viver na
região. Quanto ao debate do marco regulatório das ONGs vamos priorizar porque é
inadmissível enquanto organizações não governamentais que tem um histórico, uma
trajetória, a gente ainda ter um conjunto de dificuldades para se ter
parcerias, seja com os municípios, estado ou no âmbito federal. Vamos também
priorizar o debate eleitoral, temos um conjunto de proposições e nesse sentido
precisamos dialogar com os candidatos e candidatas, apresentar que tipo de
projeto a gente vem construindo e acreditamos para o semiárido.
Qual a avaliação das parcerias firmadas em 2013 e o que a
ASA espera construir em 2014, principalmente junto ao Governo do Estado?
Neilda Pereira - A nossa parceria com estado no campo do
acesso à água para consumo humano e produção está dada. Em 2013 celebramos um
contrato em torno de 35 mil tecnologias de primeira e segunda água, nesse
início de ano estamos negociando em torno de 45 mil tecnologias. Isso mostra
que no campo do acesso a água a gente tem avançado, agora esperamos avançar em
outros debates, como na assessoria técnica a partir da experiência das
organizações, como é que a gente tem um programa de assessoria que valorize as
experiências dos agricultores e agricultoras, principalmente os que estão sendo
contemplados/as com as tecnologias sociais. Queremos fazer também o debate da
agroecologia no estado, como ter de fato uma politica pública que amplie as
experiências agroecológicas. Então, eu penso que estamos começando bem e com
vontade de dizer que queremos construir outras propostas, que contribuam para
que esse conjunto de ações de convivência chegue até as pessoas. A cisterna é
importante, ela cumpre o seu papel, mas viver no Semiárido significa olhar para
a educação, saúde, assistência técnica, lazer e fortalecimento da agricultura
familiar. Vamos priorizar esse conjunto
e dialogar com o estado nessa perspectiva.
Quanto ao debate de gênero, quais as perspectivas para que
retorne para as discussões da ASA?
Neilda Pereira – Queremos resgatar o grupo de trabalho de
gênero e priorizar que no estado a gente faça essa discussão, a partir disso
vamos dialogar com as políticas existentes. Temos a Comissão de Mulheres
Trabalhadoras Rurais que tem feito um trabalho importante e a gente precisa
olhar para essas dinâmicas, temos experiências das organizações que compõem a
Asa como a Casa da Mulher do Nordeste e o Movimento da Mulher Trabalhadora Rural,
além de outras organizações que tem feito não só esse debate, mas a partir
dessa discussão desenvolvido as suas ações. Se a gente olhar para a ação das
cisternas, as mulheres não tem só o papel da gestão da água, elas são também
construtoras, facilitadoras, animadoras, participam das equipes técnicas, estão
presentes em todas as dinâmicas da ASA e não dá para fazer esse debate
transversal, precisamos considerar as experiências que já temos na rede, mas
também discutir proposições de políticas públicas para as mulheres.
Qual a importância da ASA fomentar o debate acerca de
políticas para a agroecologia, considerando que 2014 é o ano da agricultura
familiar?
Neilda Pereira - Tem um debate histórico que a agricultura
familiar sempre foi tratada como atividade de subsistência, mas ela representa
muito mais que isso, hoje é fonte de renda para as pessoas no Semiárido, agora
se não existem investimentos e tecnologias apropriadas para o seu
fortalecimento ela não se desenvolve.
Essa oportunidade que a ONU trás pra gente refletir internacionalmente
vai mostrar que precisamos discutir com o estado brasileiro que a agricultura
familiar precisa de pesquisas que estejam a serviço do seu desenvolvimento, de
tecnologias e, principalmente, de investimentos. Não dá para ser tratada com
políticas emergenciais, provisórias, mas políticas efetivas. Então o debate que queremos é mostrar que a
agricultura familiar não é só para a subsistência da família, mas uma fonte de
economia local, e é isso que a ASA irá priorizar a partir de suas ações.
Estamos vivenciando um ano que promete ser movimentado por
causa das eleições e do plebiscito, a ASA irá se posicionar politicamente?
Neilda Pereira - Enquanto ASA estamos focando na proposição
de politicas públicas de convivência com o Semiárido e fortalecimento da
agricultura familiar. Podemos sim tomar um posicionamento, mas no momento essa
não é a nossa preocupação. Nossa preocupação é ter de fato proposições para
apresentar aos candidatos e candidatas que projeto de Semiárido é esse que a
ASA vem construindo. Se no futuro a gente vier a tomar um posicionamento, vamos
sempre olhar para nossa ação em rede e jamais prejudicar o nosso trabalho. Se
essa decisão contribui para o projeto político que estamos construindo, ótimo,
caso contrário vamos dialogar com quer que seja nessa perspectiva de pautar o
Semiárido como uma região de homens e mulheres que querem viver com dignidade.
Quanto ao plebiscito e a Reforma Política, a ASA irá
envolver o Semiárido nessas discussões?
Neilda Pereira - Sim, a gente já tem participado de
conversas com os movimentos sociais, vamos fazer esse debate nos estados e a
nível nacional, uma vez que a ASA é o conjunto das organizações e
historicamente temos pautado a construção de uma sociedade que olhe principalmente
para as desigualdades, que faça com que as políticas cheguem até as
pessoas. Sem em 500 anos não conseguimos
reverter situações de fome, exclusão social e desemprego, esse plebiscito vai
trazer uma estrutura de estado para que as políticas cheguem e sendo para que
as pessoas vivam com dignidade no Semiárido, a ASA abraça essa pauta e se
empenha para que isso aconteça.
Por Juliana Lima - Assessoria de Comunicação da
Casa da Mulher do Nordeste
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