Paiva Netto |
Doze
de junho, Dia dos Namorados! Em virtude de data tão inspiradora, selecionei
trechos de palestras que realizei, numa singela homenagem aos que se amam:
Quando
a gente ama, as primaveras e alguns invernos (risos) vão passando, e até a
aparência corporal não perde a graça. Falo de Amor, é claro! É como um bom
vinho: sempre melhor com o decorrer dos anos, desde que não o deixemos azedar.
Amor
é como o cinquentenário que reuniu por tantos anos Zélia (1916-2008) e Jorge
Amado (1912-2001):
“Tomo
da mão de minha namorada, cúmplice da aventura há mais de meio século,
co-piloto na navegação de cabotagem: vamos sair de férias, mulher, bem as
merecemos após tanto dia e noite de trabalho na escrita e na invenção. Vamos de
passeio, sem obrigações, sem compromissos, vamos vagabundear sem montra de
relógio, sem roteiro, anônimos viandantes”.
Alziro
Zarur (1914-1979), poeta, costumava dizer: “O Amor é todo o encanto da vida. A
vida sem Amor não vale nada”.
A beleza do Espírito
Se
você namorar e casar só por causa da formosura e do corpo sarado, poderá dar-se
mal um dia, pois a fascinação exterior passará como o vento. Contudo, se for
unir-se porque tem Amor, o encanto físico com o tempo poderá não ser o mesmo;
porém, você amará como amou quando jovem, e com mais maturidade. O tempo
ensina, ensina. Só não aprende quem não quer.
Senão,
que amor é esse? Não terá passado de sentimento falso. Mas, se constituir
matrimônio verdadeiramente motivado por forte bem-querer, a felicidade crescerá
como as árvores seculares, porque o Amor será infinito.
A
beleza é coisa primorosa. O Amor, todavia, é muito maior do que tudo isso. Ele
estabelece a simpatia. E este é o atrativo que não morre, a graça eterna do
Espírito. Nem a morte separa os que se amam.
Lembro-me
de um instrutivo canto de Zarur, no seu poema “Aos Casais Legionários”: (...)
“Não é o corpo que atrai: / É o Espírito que ama”. (...)
O princípio básico do Ser
O
Amor provém da Alma. Do contrário, pode morrer na noite de núpcias... Mas, se
tiver como alicerce o Espírito e o coração de ambos os amantes, aí a lua-de-mel
se repetirá por toda a vida, apesar das rusgas que sempre ponteiam a
convivência de um casal.
Eles serão eternamente
namorados
Essas
palavras podem parecer por demais românticas numa era de vale-tudo. Talvez...
No entanto, trata-se de triste engano pensar que o sentido do Amor se tenha
findado neste Planeta. É desastroso deixar-se levar pela moda do momento,
porque você, passada a onda às vezes demorada, padecerá das dores da frustração
que é ter rejeitado a sua própria natureza de criatura de Deus. Provavelmente,
perceberá, então, que o pior sofrimento é a ausência de Amor, uma verdade
rejeitada por gente de influência no mundo, cujo escarmento, lá na hora de se
entender com o travesseiro, é a conclusão, aos outros às vezes bem negada, de
que é igual a todos: carente de afeto, como o seu corpo de alimento. É evidente
que lhes falo do Amor que não é fonte de desvarios, porquanto “princípio básico
do Ser, fator gerador de vida, que está em toda parte e é tudo”. Logo, não
devemos agir com banalidade, que qualquer dia poderá cair sobre nossas cabeças,
geralmente sem que até o amigo mais próximo perceba. A isso também se dá o nome
de remorso.
Amor fica, desejo passa
Certa
vez, perguntado, aconselhei alguém que não se apressasse no seu namorisco. Bem
parecido com o que afirmei no Congresso Jovem LBV, realizado em 28 de junho de
2003, na capital paulista, e a turma gostou, pelo que fiquei sabendo. Em
determinado momento, disse-lhes: Vocês que são jovens, cuidado quando lhes
disserem: “Eu te amo! Dá-me um sinal, uma prova de amor...”. Prestem atenção se
isso lhes for pedido, porque o outro, ou a outra, pode estar apenas ocultando:
“Eu te desejo!” Depois que a atração se for, oh!, tudo acabará! E um dos dois
poderá ficar machucado, como tantas vezes acontece. Não se precipitem, pois!
Amor é diferente de desejo. Amor fica, desejo passa.
Quando
o desafio aparecer no caminho dos casais, a reflexão mais apropriada seria:
“Ora, nós nos unimos por quê?! Porque nos amávamos! Então, continuemo-nos
amando e vençamos o mal que porventura nos queira separar”. E não deixem
ninguém meter o bedelho em suas vidas.
Eis
aí! Casal unido é aquele que vive integrado no Pai Supremo, cuja face é o Amor.
Portanto, quanto mais amamos, mais Ele se manifesta em nós, porque o Amor não é
velho nem novo. É eterno, porque é Deus.
E,
se você não crê que exista um Poder Soberano atento às suas dificuldades,
lembre-se de que os bons sentimentos são a sustentação de sua vida, de tal
forma que esteja em paz consigo mesma ou consigo mesmo.
O
essencial é que, passados os anos, criados os filhos, vencidas as dores e
superados os empecilhos, vivamos sempre como namorados!
É
difícil neste mundo? Mas não é impossível.
José
de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br
— www.boavontade.com
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