Desertificação. Esse é o nome dado para o processo de
modificação ambiental ou climática que leva à formação de uma paisagem árida ou
de um deserto propriamente dito. De acordo com nova metodologia de
monitoramento da Caatinga, a desertificação tem avançado e a degradação
aumentou no período 2000-2016, no Nordeste brasileiro, principalmente nas áreas
de pastagem e vegetação natural, com intensificação causada pela seca severa de
2011.
A metodologia foi desenvolvida pelo Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ela promoveu índice calculado a partir
da persistência e frequência de solo exposto em 17 anos. A primeira avaliação
abrangente da degradação da região, com a representação temporal e espacial,
estimou área total degradada em mais de 70 mil km², entre 2007 e 2016. O que
representa aproximadamente 4% da área total estudada.
O trabalho desenvolvido por pesquisadores baseou no
mapeamento de solo exposto – por imagens de satélites medidas com informações
de campo. O índice desenvolvido confirmou um estudo prévio altamente detalhado
no núcleo de desertificação do Seridó. Ao combinar com evidências de outros
estudos, conclui-se que a degradação foi intensificada pela seca severa que
afetou a região desde 2011, aumentando o desmatamento para a produção de lenha
e carvão vegetal e a fração de solo exposto.
Impacto
A Caatinga também tem sofrido impacto por conta da ocupação
desordenada do solo, e isso já foi apontado por diversos estudo. Dentre esses
apontamentos: intensa pressão antrópica, ocasionada principalmente pelo manejo
inadequado da terra, como a agricultura de corte e queima, a pastagem intensiva
por longo período (sobrepastoreio) e a exploração excessiva de recursos
lenhosos como fonte de combustível.
De acordo com o trabalho divulgado nessa quinta-feira, 5 de
junho, considerando que a Caatinga tem sido afetada por erosão acelerada do
solo, degradação da terra e desertificação associadas a perda de cobertura vegetal,
é necessário o monitoramento constante das mudanças no uso e cobertura da
terra. Nesse contexto, produtos de sensoriamento remoto têm sido frequentemente
usados em estudos de degradação da terra desde os anos 80, sendo os índices de
vegetação derivados de imagens de satélite um dos indicadores mais comumente
utilizados na avaliação da degradação/desertificação do solo.EBC
Ecossistema
“Diante da complexidade do ecossistema – formado por uma
grande variedade de árvores, arbustos e pastagens, além da paisagem
fragmentada, devido a vários usos da terra – procura-se, há bastante tempo, uma
forma de minimizar a ampla gama de respostas espectrais detectadas pelos
sensores remotos”, afirmou o pesquisador do Cemaden, Javier Tomasella. O
especialista alerta que as secas severas constantes na região e a ação humana
afetam a vegetação natural, tornando-a semelhante às de áreas degradadas.
“A diferença é que, neste caso, essas áreas se recuperam com
o retorno das chuvas. Já as áreas degradadas na Caatinga aparecem associadas à
área de solo exposto, mostrando pouco ou nenhum sinal de recuperação na estação
chuvosa”, explicou Tomasella. A Confederação Nacional de Municípios (CNM)
destaca que a seca foi responsável por prejuízos de quase R$ 215,5 bilhões,
entre 2012 a 2017. E nenhum dos Entes conseguem suprir financeiramente esses
prejuízos, que são bastante elevados.
Ações
Dentre as ações promovidas pela CNM, em busca de soluções,
está a aprovação do Projeto de Lei do Senado Federal (PLS) 146/2014, que define
os critérios de enquadramento de Municípios na região do semiárido e fixar
atualização dos limites dessa região a cada cinco anos. O texto determina o
prazo para que União reavalie a situação do semiárido, e cria condições para
auxílio aos Municípios em Situação de Emergência e Estado de Calamidade pública
afetados pelas estiagem e seca prolongada, tendo em vista do grande impacto.
A entidade também solicita maior apoio técnico financeiro
por parte da União e dos Estados quanto implementação e políticas pública que
visam amenizar os problemas gerados pela desertificação em todos Municípios
afetados.
Fonte: www.amupe.org com informações da Cemaden
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