10/07/2018

NOVA METODOLOGIA INDICA AVANÇO DA DESERTIFICAÇÃO E AUMENTO DA DEGRADAÇÃO NO NORDESTE


Desertificação. Esse é o nome dado para o processo de modificação ambiental ou climática que leva à formação de uma paisagem árida ou de um deserto propriamente dito. De acordo com nova metodologia de monitoramento da Caatinga, a desertificação tem avançado e a degradação aumentou no período 2000-2016, no Nordeste brasileiro, principalmente nas áreas de pastagem e vegetação natural, com intensificação causada pela seca severa de 2011.

A metodologia foi desenvolvida pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ela promoveu índice calculado a partir da persistência e frequência de solo exposto em 17 anos. A primeira avaliação abrangente da degradação da região, com a representação temporal e espacial, estimou área total degradada em mais de 70 mil km², entre 2007 e 2016. O que representa aproximadamente 4% da área total estudada.

O trabalho desenvolvido por pesquisadores baseou no mapeamento de solo exposto – por imagens de satélites medidas com informações de campo. O índice desenvolvido confirmou um estudo prévio altamente detalhado no núcleo de desertificação do Seridó. Ao combinar com evidências de outros estudos, conclui-se que a degradação foi intensificada pela seca severa que afetou a região desde 2011, aumentando o desmatamento para a produção de lenha e carvão vegetal e a fração de solo exposto.

Impacto
A Caatinga também tem sofrido impacto por conta da ocupação desordenada do solo, e isso já foi apontado por diversos estudo. Dentre esses apontamentos: intensa pressão antrópica, ocasionada principalmente pelo manejo inadequado da terra, como a agricultura de corte e queima, a pastagem intensiva por longo período (sobrepastoreio) e a exploração excessiva de recursos lenhosos como fonte de combustível.

De acordo com o trabalho divulgado nessa quinta-feira, 5 de junho, considerando que a Caatinga tem sido afetada por erosão acelerada do solo, degradação da terra e desertificação associadas a perda de cobertura vegetal, é necessário o monitoramento constante das mudanças no uso e cobertura da terra. Nesse contexto, produtos de sensoriamento remoto têm sido frequentemente usados em estudos de degradação da terra desde os anos 80, sendo os índices de vegetação derivados de imagens de satélite um dos indicadores mais comumente utilizados na avaliação da degradação/desertificação do solo.EBC

Ecossistema
“Diante da complexidade do ecossistema – formado por uma grande variedade de árvores, arbustos e pastagens, além da paisagem fragmentada, devido a vários usos da terra – procura-se, há bastante tempo, uma forma de minimizar a ampla gama de respostas espectrais detectadas pelos sensores remotos”, afirmou o pesquisador do Cemaden, Javier Tomasella. O especialista alerta que as secas severas constantes na região e a ação humana afetam a vegetação natural, tornando-a semelhante às de áreas degradadas.

“A diferença é que, neste caso, essas áreas se recuperam com o retorno das chuvas. Já as áreas degradadas na Caatinga aparecem associadas à área de solo exposto, mostrando pouco ou nenhum sinal de recuperação na estação chuvosa”, explicou Tomasella. A Confederação Nacional de Municípios (CNM) destaca que a seca foi responsável por prejuízos de quase R$ 215,5 bilhões, entre 2012 a 2017. E nenhum dos Entes conseguem suprir financeiramente esses prejuízos, que são bastante elevados.

Ações
Dentre as ações promovidas pela CNM, em busca de soluções, está a aprovação do Projeto de Lei do Senado Federal (PLS) 146/2014, que define os critérios de enquadramento de Municípios na região do semiárido e fixar atualização dos limites dessa região a cada cinco anos. O texto determina o prazo para que União reavalie a situação do semiárido, e cria condições para auxílio aos Municípios em Situação de Emergência e Estado de Calamidade pública afetados pelas estiagem e seca prolongada, tendo em vista do grande impacto.

A entidade também solicita maior apoio técnico financeiro por parte da União e dos Estados quanto implementação e políticas pública que visam amenizar os problemas gerados pela desertificação em todos Municípios afetados.

Fonte: www.amupe.org com informações da Cemaden

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