Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) organiza evento em São
José do Egito, capital nordestina da poesia popular, de 18 a 20 de julho
São José do Egito ganha feira literária dedicada a poetas,
glosadores, repentistas. A 1ª Feira da Poesia Popular do Pajeú é promovida pela
Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) e será realizada no período de 18 a 20
de julho, na Rua João Pessoa, Centro da Cidade.
O objetivo do evento é difundir a produção da cultura
popular do Sertão do Pajeú. “Queremos contribuir para fortalecer essa expressão
cultural pernambucana e estimular a produção dos poetas”, disse o presidente da
Cepe, Ricardo Leitão. Oficinas de xilogravura e estêncil, mesas de glosa,
contação de histórias, atrações musicais, mesas de bate-papo, exposição e
lançamento de livro fazem parte da programação da feira que conta com o apoio
da prefeitura de São José do Egito e de outros municípios da região. “Essa
feira é também uma grande oportunidade de mostrar a cultura da poesia popular”,
acrescenta o secretário de Cultura de São José do Egito, Henrique Marinho. O
investimento total da feira é de R$ 150 mil.
Situada a 400 quilômetros do Recife, São José do Egito é
conhecida como capital nordestina da poesia e tem em seus habitantes potenciais
poetas do improviso, sejam eles anônimos ou famosos como Lourival Batista
Patriota (1915-1992), Manoel Filó (1959-2015) e Dedé Monteiro. Esses dois
últimos serão homenageados da feira. Dedé, inclusive, carrega o título de
Patrimônio Vivo de Pernambuco, concedido em 2016. Cada um deles ganhará uma
mesa com a presença de parentes e poetas falando da trajetória de ambos.
Ao final de cada uma das três noites do evento, seis poetas
vindos de quase todos os municípios que compõem o Sertão do Pajeú (Itapetim,
Brejinho, Tuparetama, Tabira, Afogados da Ingazeira, Solidão, Ingazeira,
Iguaracy, Serra Talhada e Triunfo, além de São José do Egito)
participarão de mesas de glosa (composição poética em dez versos construída de
improviso a partir de um mote). O conteúdo das mesas será transcrito e
transformado em livro a ser publicado pela Cepe, com lançamento previsto para
janeiro de 2020, durante a Festa de Louro, para celebrar os 105 anos do poeta
Lourival Batista.
As mulheres poetas do Pajeú: Isabelly Moreira (São José do
Egito), Mariane Alves e Jéssica Caetano (Triunfo), Sara Cristóvão (Tabira)
terão seu lugar de fala garantido em mesa com a revista Continente, da Cepe
Editora.Os aboiadores Paulo Barba e Jairinho Aboiador farão apresentação
tocando as toadas típicas do Sertão para tanger o gado.
Para incentivar o registro da produção da poesia popular, a
Cepe fará uma roda de diálogo com um representante do conselho editorial
esclarecendo os caminhos para a publicação na editora. Em São José do Egito,
por exemplo, só há um xilogravurista. As publicações em livro e cordel são
realizadas por artistas de fora da região, ou ilustradas por fotografias e
outras técnicas.
A feira abre com a exposição Pelos Sertões, do artista
paraibano radicado no Piauí Marcos Pê, conhecido pelos quadros figurativos de
poetas. Ao lado dos desenhos impressos em madeira o artista coloca poesias dos
glosadores e cantadores.
Haverá roda de diálogos para debater a poesia na educação.
Em São José do Egito, é Lei Municipal ensinar poesia popular nas escolas. Na
programação, os diálogos com os poetas Antônio José de Lima e Antônio Marinho
mostrarão que a poesia está diretamente ligada à história da cidade.
Reza a lenda que basta beber a água do Rio Pajeú para virar
poeta, visto que há séculos foi enterrada uma viola dentro do rio. Mas a
história conta que o baião de viola chegou ao Pajeú na época da colonização
portuguesa e traz influência dos mouros e muçulmanos. Conta-se que as chamadas
Rodas de Glosas tiveram como palco as mesas de bares e botecos ocupadas pelos
boêmios, sem nenhuma organização prévia.
Durante a feira será lançado ainda o livro de poesias
vencedoras do Concurso de Poesia Popular de São José do Egito - Poesias
Premiadas - Volume 1, que selecionou poesias nas categorias Quadras, Sextilhas,
Sete linhas, Décimas e Décimas com mote. O dinheiro arrecadado com a venda da
publicação financiará o custeio da próxima edição do concurso.
As crianças também têm espaço reservado na programação, com
apresentação do Recital Infância Rimada. Trata-se de um grupo de crianças de
Tabira que recebe semanalmente oficina de poesia coordenada pelo poeta Zé
Carlos do Pajeú.Já a contação de histórias do livro Uma Festa na Floresta (Cepe
Editora), de Lêda Sellaro, ficará a cargo da cordelista Suzana Moraes; e
Dianimal (Cepe Editora) será contada e cantada pelo próprio autor, Alexandre
Revoredo.
PERFIL DOS
HOMENAGEADOS
Dedé Monteiro
José Rufino da Costa Neto nasceu no dia 13 de setembro de
1949, no sítio Barro Branco, no município de Tabira. Sua relação com a poesia
popular remete à infância, profundamente influenciada pelo pai, Antônio Rufino
da Costa, que gostava de cantar cordéis enquanto trabalhava no roçado e, anos
depois, em sua banca de frutas na feira de Tabira. Escreveu o primeiro poema
aos 15 anos de idade, uma homenagem à mãe, Olivia Pires da Costa Monteiro, e
não parou mais sua produção literária. Publicou quatro livros ao longo da vida:
Retratos do Pajeú (1984), Mais um baú de retalhos (1995), Fim de feira (2006)
eMeu quarto baú de rimas (2010).
Considerado o Papa da Poesia, é um dos mais importantes
divulgadores da poesia popular e, nas últimas décadas, tem participado de
eventos e projetos literários com o objetivo de difundir a linguagem da poesia
popular de cordel como elemento na formação cultural do povo nordestino.
Professor aposentado, Dedé Monteiro integra a Associação de Poetas e Prosadores
de Tabira (APPTA).
“Explicar a poesia/ Ninguém consegue explicar./ Faz a
tristeza morrer/ E o sonho ressuscitar.”
Manoel Filó
Manoel Filomeno de Menezes, mais conhecido como Manoel Filó,
nasceu em 13 de outubro de 1930,na Fazenda Tabuado, município de Afogados da
Ingazeira – PE. Com dois anos de idade mudou-se para Mundo Novo, município de
São José do Egito, no qual viveu até os 18 anos de idade. Faleceu aos 74 anos,
em 21 de agosto de 2005 na cidade de São José do Egito. Aos 20 anos mudou-se
para São Paulo, onde trabalhou de camelô, cobrador de ônibus, vendedor e
desenvolveu-se como comerciante.
É considerado um dos maiores poetas populares, tanto pelo
dom do improviso quanto pela criatividade e sensibilidade poética ao retratar
as paisagens e acontecimentos do Sertão. Não fez profissão da cantoria, no
entanto não se negou a cantar quando solicitado pelos companheiros, e nunca lhe
faltava um violeiro à disposição.
PROGRAMAÇÃO DA FEIRA
DE POESIA POPULAR DO PAJEÚ
18/07 (quinta-feira)
14h - Oficina de xilogravura sustentável e oficina de
estêncil
16h - Abertura da exposiçãoPelos Sertões, do artista Marcos
Pê
17h -Diálogo Os caminhos da poesia na região do Pajeú, com
Antônio José de Lima e Antônio Marinho
18h - MesaLiteratura e Educação: propostas, concepções e
experiências, com Alessandra Ramalho, Aparecida Izídio e Eduarda Simone
19h - Recital infantil da Ingazeira, com Ingrid Laís, Islany
Maria e Jayne Marília
19h15 -Recital Infância Rimada
19h45 - Aboio com Paulo Barba e Jairinho Aboiador
20h - Mesa de Glosas com Alexandre Morais (Afogados da
Ingazeira), Gislândio Araújo (Brejinho), Lima Jr. (Tuparetama), Lucas Rafael
(São José do Egito), Milene Augusto (Solidão), Zé Carlos do Pajeú (Tabira)
21h30 - Forró Rimado
19/07 (sexta-feira)
8h - Oficina de xilogravura e oficina de estêncil
16h -Contação de histórias sobre o livro Dianimal (Cepe
Editora) com Alexandre Revoredo
17h - Roda de diálogos com o conselho editorial da Cepe
18h - Mesa da Revista Continente (Cepe) sobre Mulheres
poetas do Pajeú
19h -Apresentação da dupla de violeiros Adelmo Aguiar e
Denilson Nunes
20h -Mesa de Glosas com Anderson Brito (Tabira), Francisca
Araújo (Iguaracy), Genildo Santana (Tabira), Lenelson Piocó (Itapetim),
Wellington Rocha (Afogados da Ingazeira)
20/07 (sábado)
8h - Oficina de estêncil
16h - Contação de histórias do livro Uma festa na floresta
(Cepe Editora), com Suzana Moraes
17h -Palestra Xucuru: a raiz-forte da poesia do Vale do
Pajeú, com Lindoaldo Campos
18h - Mesa Manoel Filó: o poeta de todos os lugares, com
Ciro Filó, Ricardo Moura e Jorge Filó
19h -Lançamento do livro Concurso de Poesia Popular de São
José do Egito - Poesias Premiadas - Volume 1
20h - Mesa de Glosas com Aldo Neves (Tuparetama), Elenilda
Amaral (Afogados da Ingazeira), Erivoneide Amaral (Afogados da Ingazeira),
Henrique Brandão (Serra Talhada), Zé Adalberto (Itapetim), Zezé Neto (São José
do Egito)
Fonte: www.pe.gov.br
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