Do total de startups voltadas
para o agronegócio no Brasil, apenas 5% estão localizadas no Nordeste. São
1.703 empresas no país. A região, no entanto, detém 46% das propriedades rurais
existentes na região.
Os dados são da Embrapa. Reduzir
esse descompasso, trazendo mais inovação para o setor, é uma das prioridades da
nova gestão da Sudene. Em visita ao Centro de Excelência de Fruticultura
Irrigada, do Senar Bahia (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), localizado
na cidade baiana, o superintendente Danilo Cabral discutiu alternativas para
atrair mais inovação agrícola para sua área de atuação.
“O surgimento das startups
agrícolas é um movimento recente, que ganhou mais força a partir de 2015. Mas
aconteceu também reproduzindo – e até reforçando – as desigualdades regionais e
nós precisamos atuar para trazer mais inovação para a Região. Assim, podemos
agregar mais valor à produção, mais competitividade e atração de
investimentos”, destacou Danilo Cabral. Ele frisou que essa é prioridade da
Sudene e do Ministério de Integração e Desenvolvimento Regional.
“Nós temos um projeto para criar
um grande centro de incubação de startups, já em condições de fazer negócios,
voltadas para o setor agrícola”, disse o professor Valdner Ramos, da Univasf
(Universidade Federal do Vale do São Francisco). A ideia é atrair para o Centro
de Fruticultura Irrigada 20 empresas no primeiro ano e mais 20 no segundo.
“Pela nossa experiência, a formação profissional é muito importante, mas fazer
uma imersão nas empresas é fundamental para gerar mais oportunidades e renda”,
acrescentou Gilmario Souza, coordenador do Senar Bahia.
A concentração regional da
inovação agrícola também pode ser verificada quando se analisa a localização
das startups, segundo Radar Agtech Brasil 2022, da Embrapa. As três cidades
mais agtechs do país são São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Piracicaba (SP). A
primeira cidade do Nordeste a aparecer é Salvador, em 17ª posição, com 17
empresas. “Percebemos que outros polos tecnológicos da região, como o Recife (PE)
e Fortaleza (CE), não têm destaque nesse ranking e precisamos mudar essa
realidade, inclusive interiorizando a pesquisa e o desenvolvimento”, afirmou
Danilo Cabral.
No Plano Regional de
Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE), aprovado na última reunião do Conselho
Deliberativo da Sudene, a inovação é um dos sete eixos prioritários, mas é
também transversal. É estratégica para reposicionar o desenvolvimento do
Nordeste. Segundo o plano, isso requer que a geração e a utilização da ciência
e da tecnologia evoluam, progressivamente, em sinergia com a compreensão de
problemas e de soluções para lidar com os significativos desafios econômicos,
sociais e ambientais legados ou portadores de futuro.
A inovação também é fundamental
em relação ao desenvolvimento sustentável, no sentido de aproveitar as
oportunidades que surgem para o semiárido. Equivale a pensar sobre as condições
de inserção competitiva na economia nacional e mundial, de acordo com o PRDNE.
A Sudene tem um programa voltado
para o fomento de startups nos 11 estados da sua área de atuação. No total,
investirá R$ 6 milhões, em 2023, em 103 startups. O valor é proveniente do
retorno das operações do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) que
reserva 1,5% para custeio de atividades em pesquisa, desenvolvimento e
tecnologia de interesse do desenvolvimento regional anualmente. Os recursos são
repassados por meio de termo de outorga de subvenção econômica diretamente às
empresas selecionadas pelas entidades de amparo à pesquisa de cada estado.
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